FN Herstal EVOLYS – Nova metralhadora ligeira

A empresa Sodarca Defense, representante em Portugal do maior fabricante de armas ligeiras do mundo, a FN Herstal, anunciou hoje, 6 de maio de 2021, o lançamento de uma metralhadora totalmente nova com características exclusivas, a FN EVOLYS ™. Com esta nova adição ao portfólio de produtos da FN Herstal, a empresa definitivamente pretende escrever um novo capítulo na história das metralhadoras.
Hoje, FN Herstal revelou aos mercados de Defesa e Segurança uma metralhadora completamente nova – a FN EVOLYS ™ – durante um evento global digital de lançamento de produto.  Esta nova arma apresenta uma arquitetura incrivelmente inovadora e aberta, juntamente com características únicas.

O FN EVOLYS ™ é uma arma ultraleve, radicalmente diferente, que combina as capacidades de disparo de uma metralhadora alimentada por fita com ergonomia e equilíbrio semelhante a uma espingarda de assalto. Isso é exatamente o que é necessário e esperado pelos usuários para operações atuais ou futuras. A FN EVOLYS ™ foi desenvolvido em dois calibres, 5,56x45mm e 7,62x51mm, podendo no entanto, devido a sua arquitetura aberta, ser adaptada a outros calibres no futuro.

A FN EVOLYS ™, com um peso entre 5,5 e 6,2 quilos dependendo do calibre, é muito mais leve que as metralhadoras de referência atuais. Esse peso reduzido permite que o usuário se mova em terrenos difíceis rapidamente e  empenhe com um alto volume de fogo quando necessário, sem quaquer dificuldade. O seu peso reduzido e excelente equilíbrio também permitem que a arma seja disparada de qualquer posição (ombro, cintura, joelhos, deitado). A transição de uma posição de tiro para outra é facilitada pelo design da interface de fixação da coronha.

A metralhadora ultraleve FN EVOLYS ™ dispara como uma metralhadora mas consegue ser manuseada como uma espingarda de assalto. O seletor de fogo ambidestro 3 posições. Segurança. Uma posição semi-automática que permite disparar tiro a tiro contra alvos pontuais, tal como com um espingarda de assalto. Automático, que permite fogo de supressão como qualquer outra metralhadora. A coronha é ajustável em comprimento e altura. Seja qual for o tamanho ou o equipamento que o militar usar, consegue sempre ajustar a arma para uma posição de tiro confortável.

Os materiais e tecnologias de última geração usados ​​na FN EVOLYS ™, combinados com a experiência de longa data e o espírito inovador da FN Herstal, garantem que a redução de peso não compromete os fatores vitais de fiabilidade, segurança do usuário e vida útil das peças. O amortecedor hidráulico incorporado na arma permite uma cadência de tiro constante e reduz o recuo. A FN EVOLYS ™ foi projetada desde o início para disparar intensamente com um silenciador e, portanto, não apresenta qualquer redução no desempenho quando equipada com esse tipo de dispositivos.

Outra grande inovação no FN EVOLYS ™ é o mecanismo de alimentação lateral patenteado, que permitiu que o design incluísse várias melhorias importantes solicitadas pelos utilizadores:

  • O rail superior é comprido e de uma só peça, permitindo assim a montagem de uma combinação de várias miras ópticas em linha, como visores diurnos e noturnos, ou simplesmente miras de aumentos, sem necessidade de remover as miras de ferro.
  • Acesso fácil, instintivo e rápido a todos os controles por combatentes canhotos ou destros, para melhor manuseamento no campo de batalha.
  • Todas as ações podem ser feitas com apenas uma mão, incluindo engatar a fita de munições.
  • Os cartuchos são reposicionados automaticamente quando a tampa de alimentação é fechada, mesmo se a fita não for colocada corretamente na bandeja de alimentação. Isso evita a falha na alimentação da primeira munição, o que é uma grande garantia para o usuário.
  • O último link é ejetado automaticamente, abrindo caminho para um recarregamento mais rápido e confiável.

Combate Corpo a Corpo – Operações Especiais do Exército Português

Desde a pré-história que o Homem desenvolveu a arte de matar para sobreviver, seja para comer, ou para se proteger. As habilidades que ele possuía para caçar eram semelhantes às habilidades que ele possuía para lutar, o que nos leva a pensar que as táticas fossem semelhantes. O Homem sempre entendeu que a sua sobrevivência dependeria em grande parte das habilidades conseguidas pelas suas mãos. Ao longo das gerações, a arte de combater sofreu melhorias, deixou de se combater a ver a cor branca dos olhos do inimigo e começou-se a criar distância entre os contendores, desde a construção de espadas e flechas, até à pólvora e munições. Com estas descobertas, inevitavelmente, atrofiaram-se as habilidades no combate desarmado do soldado, contudo, nos últimos confrontos mundiais, onde a ameaça é irregular e surge de forma inesperada, verificou-se que o último recurso pela garantia da sua sobrevivência está nas suas habilidades motoras.

Qualquer militar em virtude da sua função e da natureza das tarefas que executa, pode, a qualquer momento, tornar-se um alvo de vários ataques à sua integridade física.
Sendo assim, torna-se vital que saiba dar resposta a essas ameaças, seja numa situação de intimidação, ameaça verbal, combate desarmado e combate armado.
“Método de Aplicação Militar que tem por finalidade a aquisição de técnicas eficazes para utilização no combate com contacto físico, desenvolvendo características tais como a adaptabilidade, a autoconfiança, a combatividade, a coragem e a decisão e servindo-se de qualidades físicas como a força – a flexibilidade, e rapidez de reação, a coordenação
e o sentido cinético.” (Comando de Instrução do Exército, 2002, p. 7 anexo “B” ao REFE).
O CCC está inserido na componente de Treino Físico de Aplicação Militar, sendo consequentemente uma atividade prevista no âmbito da Educação Física Militar, onde se
realizam um conjunto de atividades visando a aquisição, o desenvolvimento e a manutenção de determinados gestos, técnicas e capacidades psicomotoras preparatórias para o combate. Em suma, o CCC deve ser entendido como a luta entre dois ou mais oponentes, recorrendo ou não, ao uso de armas para o confronto que se tornou inevitável, onde serão testadas as suas qualidades físicas, técnicas e psicológicas a par da sua destreza para a combatividade, flexibilidade e velocidade, melhorando substancialmente os seus reflexos naturais, a sua coragem, confiança, espírito de corpo e autodisciplina,
permitindo assim, a sobrevivência do militar no campo de batalha.

Entende-se por Defesa Pessoal (DP) como a arte de prevenir a agressão ou minimizar o risco dela, socorrendo-se da mesma para proteção e preservação individual, evitando assim constituir-se uma vítima. Para tal, implica que o militar permaneça constantemente em estado de alerta e desperto para todas as situações que possam surgir próximo da sua área de atuação. A aprendizagem da arte de combate próximo concorre para o aumento da proficiência técnica do soldado nas várias fases do espectro do conflito, em qualquer operação militar.

A luta Corpo a Corpo de defesa pessoal tem como princípios:

Serenidade – O militar deve lidar e enfrentar mentalmente as situações sem que o medo ou ódio controlem as suas ações; Perceção – Num ambiente de combate é fundamental o militar estar ciente de tudo o que o rodeia, nomeadamente nos 180º da sua retaguarda. Ao longo do combate mais oponentes podem aparecer, e nesses casos a situação é extremamente complicada, uma vez que estamos a lidar com múltiplos oponentes;

Posição Dominante – Durante o combate é crucial o militar garantir  uma boa postura de combate, isto é, a postura ideal e essa deve-se traduzir na correta posição das suas pernas
e braços, permitindo desta forma um bom equilíbrio mantendo o peso corporal distribuído, mas ao mesmo tempo deve ser uma posição que lhe confira fácil movimentação, necessária para as técnicas de ataque e de defesa;

Distância – A distância é diferenciada em virtude dos golpes e técnicas que o militar utiliza quando em combate. Deve ser feito o raciocínio lógico da técnica utilizada de acordo com
a distância a que o oponente se encontra;

Agressividade – Possivelmente o princípio mais importante no CCC. Quando o militar recorre ao combate próximo, o nível de agressividade deve ser progressivo. Uma vez quebrado este princípio, a derrota é inevitável. O combate só terá o seu fim, quando
o oponente estiver neutralizado;

Fluidez – No Processo de combate a técnica deve estar em harmonia com a tática utilizada de forma a maximizar o potencial e causando efeito desejado no oponente o mais rápido possível;

Simplicidade – As técnicas utilizadas em combate devem seguir a linha da simplicidade, mas procurando sempre a eficácia. Quanto menos movimentos elaborados, menos possibilidade existe de comprometer os princípios enunciados.

Apesar de vulgarmente associarmos o termo “Combate Corpo a Corpo” ao confronto entre duas ou mais pessoas que combatem a curtas distâncias, onde o recurso a armas de fogo se torna desadequado, não é de todo o mais correto, pelo que arrisco-me a dizer que ao longo de muitos anos, fomos “desastrados” na forma como avaliamos este vetor, prova inequívoca da necessidade urgente em se priorizar e integrar esta temática na formação e treino do Soldado Moderno do exército português, por forma a prepará-lo para os obstáculos que podem opor-se ao cumprimento de várias tarefas/missões.
Alguns autores defendem que o conceito DP está associado à vertente civil enquanto o conceito CCC está associado à vertente militar, uma vez que o primeiro tem por base medidas preventivas/defensivas, ao contrário do segundo que se socorre de medidas ofensivas/letais. Outros acrescentam ainda que a DP tem por princípio evitar o conflito e que deve ser aplicada dentro de uma lógica de salvaguarda da integridade física e sobrevivência, ao contrário do CCC que pode ser utilizado para causar resultados letais.
Portanto, é possível verificarmos que existe alguma disparidade quanto ao propósito e enquadramento de cada uma das disciplinas.
Quer na vertente civil, quer na vertente militar, o uso proporcional da força deve ter-se sempre em consideração. Os civis regem-se pelo código penal, os militares, pelas ROE. Nem sempre os militares podem matar, como o “matar” não deixa de ser uma possibilidade para um civil, quando e só a sua vida depende disso. Isto para concluir
que ambas as disciplinas podem estar presentes quer numa vertente, quer noutra.

O Soldado Moderno deve ser capaz de combater nas várias modalidades: arma longa (espingarda de assalto, DMR, Metralhadora, caçadeira); arma curta (arma de recurso/arma secundária); combater com recurso a objetos de corte (baioneta, faca de combate, machado, machete, navalha); e por fim, sem armas, socorrendo-se apenas das suas habilidades motoras. Esta será portanto a lógica de necessidades para atribuição de competências motoras do Soldado Moderno no vetor Close Quarters Combat (CQC).
A aplicação do vetor CQC, na formação e treino do Soldado Moderno, trás muitas vantagens, designadamente o desenvolvimento das suas capacidades motoras, bem como
despertar os sentidos que originam o reflexo. Atribui a cada elemento, sentido defensivo e estimula o sentido ofensivo que, naturalmente, é ausente à maioria dos militares iniciantes, mas que deve estar latente nos mais avançados. Este vetor está subdividido na disciplina de técnicas CCC e técnicas DP.

Com o CCC procura-se, através da utilização de várias técnicas de combate, desenvolver a coordenação motora do militar para superar com inteligência e técnica, as variáveis de uma possível agressão de contacto violento. Esta subfase visa expulsar o receio, desenvolver a condição física, a coragem, a combatividade e o controlo de movimentos, resultando no total equilíbrio da mente e do corpo.
Com a DP, procura-se capacitar o militar a defender-se de adversários, armados ou não, através dos seus membros e/ou com auxílio de armas ou objetos, sem especial propósito. Indica-se ao militar, um conjunto de pontos críticos no corpo do oponente que juntamente com técnicas simples vão aumentar as suas capacidades no combate desarmado. Esta subfase procura desenvolver capacidades como a adaptabilidade, a autoconfiança, o reflexo e a velocidade do militar.

Em suma, e fazendo referência aos quatro pilares da sobrevivência: mentalidade adequada; consciência da situação; proficiência em habilidades; e aptidão física, o Soldado Moderno após adquirir todas estas competências, que constituem a base para o sucesso em todas as situações de combate, vai ser capaz de dar uma resposta firme, explosiva e letal, de acordo com as situações.

E nas Forças de Operações Especiais (FOEsp), o domínio das técnicas de CCC têm impacto no cumprimento da missão? Como é rentabilizado por estes Soldados de Elite o conhecimento técnico adquirido?
Sim! É extremamente importante. Digamos que é o expoente máximo de capacidades adquiridas por um Operacional. Como sabemos, o sucesso das SOF depende em muito da agilidade e flexibilidade dos seus operacionais, mas acima de tudo da simbiose de quatro
fatores de destaque: o homem certo; no lugar certo; há hora certa; com treino e conhecimento certos. Dentro das missões principais das FOEsp, Reconhecimento Especial (RE), Assistência Militar (AM) e Ação Direta (AD), destaque para a última por ser aquela que maior exigência e precisão obriga por parte dos operacionais que a executam. Caracterizada por ser uma ação precisa e direta sobre um alvo específico, limitada quanto à ação e duração e que geralmente é executada sobre alvos bem definidos, de elevada criticidade e de elevado significado estratégico ou operacional, é por si só uma ação que obriga a um domínio completo por parte dos operacionais. O conjunto de “skills” mais rentabilizadas neste tipo de ações são aquelas onde o contacto próximo estará garantido, ou seja, o tiro discricionário a curta distância e o CCC.
Em momentos em que o combate ocorre rápido e em ambiente tridimensional/Close Quarters Battle (CQB), há coisas que poderão falhar e por norma é quando mais precisamos delas. Mas, se isso acontecer o operacional tem de se adaptar, e se necessário estreitar o contacto o mais rápido possível para eliminar a ameaça de forma eficaz. E é aqui, que reside a separação relativamente ao Soldado convencional.
Enquanto forças convencionais devem estar preparadas para a utilização de técnicas de CCC no limite, FOEsp têm de adaptar o seu treino para não ter de as utilizar apenas no
limite, mas sim a determinada altura em que a missão assim o exige. Quanto à utilização de CCC por FOEsp, o conceito de sobrevivência continua presente, mas acima de tudo
deve ser evidenciado o conceito “Cumprimento de Missão”. Quando se aplica o CCC para sobreviver, há o entendimento que o foco está apenas numa ameaça e após a neutralização da mesma há um tempo de recuperação para reorganizar e continuar se for necessário, ao contrário do objetivo da aplicação do CCC para cumprimento de uma tarefa específica ou eliminação de um obstáculo.

As FOEsp, em CQB, têm de ser furtivas e letais, não havendo tempo para parar e reorganizar na maioria das vezes. É por isso que o Operacional tem de dominar e aplicar, sem dúvidas ou hesitação, o conjunto de habilidades que detém, de forma a garantir o sucesso da missão. Não há tempo para lutar de forma equilibrada, tem de se ser inteligente e perspicaz para se perder o menor tempo possível e evitar o máximo de exposição.
Relacionando o CCC nas FOEsp com um conceito de cumprimento de missão e não apenas o de sobrevivência, isto explica a razão de várias forças congéneres estarem constantemente a alterar os seus programas de treino de CCC. Sendo uma das tarefas elementares para o Operacional, o domínio das técnicas de CCC, há necessidade de se
dedicar horas de treino para alcançar a proficiência técnica. E são essas horas de treino e a procura incansável em identificar e corrigir lacunas, que obrigará à alteração constante dos programas técnicos. Esta alteração é positiva, pois procura dar respostas às fraquezas e deficiências encontradas nos programas anteriores. As alterações constantes das características do campo de batalha, exige que os operacionais das FOEsp sejam mestres no CQB, o que acarreta enormes responsabilidades, nomeadamente na adequada e sólida aprendizagem das habilidades para combate, num curto espaço de tempo e bem definido, ou seja, não se podem passar anos a desenvolver metodologias, sem que possam ser aplicadas em segurança e com eficácia.
Criatividade e Adaptação serão sempre dois aliados para o desenvolvimento cognitivo e motor do Operacional das Forças de Operações Especiais do Exército Português.

Cpt pM

 

GIOE fornece Formação, Mentoria e Assistência a unidades Contra-Terroristas no Sahel

O Sahel é uma faixa de 5 400 km de extensão no centro norte do continente africano que atravessa os seguintes países (de oeste para leste): Gâmbia, Senegal, a parte sul da Mauritânia, o centro do Mali, Burkina Faso, a parte sul da Argélia e do Níger, a parte norte da Nigéria e dos Camarões, a parte central do Chade, o sul do Sudão, o norte do Sudão do Sul e a Eritreia. A existência de vastos territórios onde o controle do Estado é insuficiente ou inexistente, particularmente em áreas rurais ou semidesérticas, e a dificuldade de monitorizar fronteiras favorecem a presença de grupos terroristas e de todo o tipo de organizações criminosas na região. O desenvolvimento da segurança torna-se um elemento-chave no Plano de Acção Regional 2015 – 2020 da Estratégia da União Europeia para a região do Sahel.

Nessa perspectiva, a Guarda Nacional Republicana (GNR) através do Grupo de Intervenção de Operações Especiais (GIOE) participa no projecto Europeu GAR-SI SAHEL (Groupes d’Action Rapides – Surveillance et Intervention au Sahel) com militares empenhados na formação e monitorização de unidades de contra-terrorismo que serão empenhadas nas zonas mais problemáticas. Neste projecto participam mais três Estados-membros da União Europeia: a Guardia Civil (Espanha), a Gendarmerie Nacional (França) e a Guarda dei Carabinieri (Itália).

O projeto teve início em janeiro de 2017, e o GIOE tem como principal objetivo do projeto, a criação de unidades de intervenção, ao nível das Forças de Segurança dos 6 países beneficiários, que disponham de capacidade efetiva para responder a situações de grave alteração da ordem pública, mas também para assegurar a prevenção e combate ao crime, procurando assegurar a afirmação do Estado de Direito na totalidade do território dos referidos Estados do Sahel.  Para tal desiderato, e até ao momento, o projeto logrou a criação de Unidades de Intervenção Rápida (Unidades GARSI) em cada um dos Estados beneficiários, unidades estas que integram um total de mais de 800 militares, altamente formados e treinados, e que têm desempenhado um papel fundamental em domínios como sejam a prevenção e o combate ao terrorismo e à radicalização, aos diversos tipos de tráficos ilícitos, bem como à imigração ilegal. A GNR vinha a assegurar a subcoordenação das unidades regionais deste projeto, em dois países de importância capital: Níger e Burkina-Faso. Recentemente, a GNR passou a assumir por completo a coordenação do projecto a nível do Mali, Niger e Burkina-Faso.​

No apoio dado a estas unidades existem formações periódicas, para as quais se deslocam de Portugal elementos especializados. Em 2020 está prevista uma formação no Mali e no Burquina Faso que conta com a participação de Snipers do GIOE, bem como de uma equipa do Centro de Inativação de Engenhos Explosivos (EOD). Também está prevista a deslocação do comandante do GIOE ao Senegal e ao Burquina Faso em missão de mentoria.

As equipas do GARSI treinadas pelo GIOE têm obtido vastos sucessos no combate ao terrorismo. Ainda recentemente, em 19 de Maio de 2020, uma operação no Burquina Faso,  na província de Kossi junto à fronteira com o Mali, eliminou 47 elementos do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (Group for the Support of Islam and Muslims – GSIM), a principal formação jihadista na região do Sahel, grupo aliado da Al-Qaeda. Os elementos da Gendarmerie Nationale sediados na localidade de Barani tinham como missão desmantelar várias bases terroristas que atuavam na área chamada Boucle du Mouhoun. Nesta intervenção, para além das baixas inimigas, conseguiram destruir 2 bases terroristas, capturar um número muito elevado de motociclos, várias armas e munições (Kalashnikov, Zastava, PKM, RPG) e um elevado volume de combustível.

O GIOE, é uma das forças militares Portuguesas de Operações Especiais, parte integrante da Guarda Nacional Republicana, e que constitui a unidade de resposta, para a gestão e atuação em situações complexas e de emergência e, que requerem o compromisso de homens especialmente treinados e equipados, com técnicas, táticas e meios especiais de intervenção, para realizar ações contra-terroristas e resgates de reféns em Portugal ou onde o Governo Português entenda por necessário.

Em Portugal, a decisão de criar uma unidade de resposta especializada a situações de alta violência, considerando-se como tal os atentados que envolvem raptos, tomada de reféns, pirataria aérea e ações de terrorismo, dentro da Guarda Nacional Republicana, foi tomada em 24 de outubro de 1978 e ganhou o nome de Grupo Especial de Intervenção (GEI). Em 1983, o GEI iniciou a formação no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), do Exército Português. As razões prendiam-se com as necessidades de formação, alicerçadas na forma de atuar no valor anímico, na inteligência, no espírito de sacrifício, na energia e tenacidade, numa vontade forte e constante, na rusticidade e resistência física e na sobriedade e discrição, que só o CIOE em Portugal conseguiria transmitir, pautando-se por elevados padrões de conduta, de camaradagem, de coesão, de espírito de corpo e de sentido de entreajuda. Com esta qualificação em “Operações Especiais” e após a formação com aproveitamento de 3 Cabos e 29 Soldados, o GEI passou em 21 de abril de 1983 a designar-se Pelotão de Operações Especiais (POE).  Em 30 de abril de 2003, o Pelotão de Operações Especiais passa a designar-se Companhia de Operações Especiais (COE). Constituindo-se como Companhia, articula-se por Comando, por seção de comando e Pelotões de Operações Especiais. Em 2007, a Guarda decide dimensionar as Operações Especiais para um novo patamar de resposta aos desafios do futuro. Assim, é criado Grupo de Intervenção de Operações Especiais (Portaria 1450/2008, 16DEC), que aumenta a sua dimensão para duas Companhias de Operações Especiais e uma Secção de Comando.

Em território nacional, o GIOE atua na área de responsabilidade da Guarda, que compreende 96% do território e 56% da população portuguesa, apoiando quando necessários as restantes Unidades da GNR dispersas pelo país, bem como aquelas que estão mais próximas junto dos órgãos de soberania. Ao nível da segurança de pessoas e de locais sensíveis, o GIOE tem apoiado o dispositivo territorial em eventos de massa, como é o caso das cerimónias religiosas de Fátima ou da segurança das instalações da seleção nacional, tanto com elementos em segurança próxima, como com equipas de sniper colocados em pontos dominantes.

O GIOE é uma força com uma importância enorme, tanto no que toca a segurança nacional como Internacional, e a sua capacidade de mobilizar os seus militares para qualquer zona do planeta em cerca de 48h, coloca-a a par de qualquer uma das suas congéneres Mundiais.

 

Comandos treinam CQB na preparação da 8ª FND para a RCA

O aprontamento dos Comandos e respectiva 8ª FND para a Republica Centro Africana está na sua fase final. As missões anteriores, e a que está a decorrer, demonstraram a importância de se conseguir operar nas aldeias e cidades daquele País. Os grupos armados têm se refugiado em várias localidades onde muitas das vezes as operações acabam por resultar em buscas casa a casa, o que aumenta significativamente o perigo para os militares envolvidos.

Embora, infelizmente, ainda não exista em Portugal nenhuma área de fogo real que permita um treino adequado a este tipo de operações, os Comandos têm acesso a várias zonas de treino com áreas edificadas (MOUT-Military Operations in Urban Terrain) onde podem treinar com tiro de salva. Desta feita acompanhámos o seu treino, mais específico no que toca a CQB (Close Quarters Battle), numa área improvisada que esta força usa com regularidade, e no campo de tiro de Alcochete.

Este treino incidiu principalmente na tomada de posições em vias de circulação (pedestres e automóveis), de modo a permitir que os militares pudessem penetrar nos edifícios e assim revista-los e eliminar qualquer ameaça que se lhes apresentasse à frente. Os Comandos deram especial ênfase a penetração dentro dos edifícios, assim como aos perigos que poderão advir dessa manobra complexa. O posicionamento dos militares, a sua movimentação muito compacta, o “inundamento” de cada compartimento com os militares nas posições certas de modo a evitar o fogo fraticida, e a execução de disparos certeiros de modo a atingir apenas o pretendido sem risco de danos colaterais, é extremamente importante no que toca a este tipo de treino.

Também no que toca a providenciar apoio a estas manobras, numa perspectiva global da operação, o treino pode ser complexo. Enquanto os militares se deslocam nestas áreas, os perigos não estão só dentro dos edifícios, os telhados, a ameaça IED, posições improvisadas de sniper, check points reforçados com PKM ou RPG, entre outras. Assim sendo, os Comandos aproveitaram para treinar a incorporação de viaturas, quando possível, na manobra de apoio e protecção. Também os atiradores especiais, granadeiros e os apontadores de Metralhadoras Ligeiras e Médias têm um papel muito importante na cobertura das movimentações do militares que fazem a limpeza casa a casa.

Os Exercicios de CQB culminaram num grande Exercicio que envolveu toda a companhia de manobra, TACP da Força Aérea Portuguesa,  assim como os restantes elementos da 8ª FND, incluindo Viaturas Pandur e VAMTAC. Em breve lhe apresentaremos mais imagens desse Exercício.

SCAr H Trijicom VCOG

Comandos – Curso de Atirador Especial

O Regimento de Comandos ministrou, integrado no programa de aprontamento da 8.ª Força Nacional Destacada (FND) Conjunta da MINUSCA, o 3.º Curso de Atirador Especial.

Os atiradores especiais (designação dada nas Forças Armadas Portuguesas), também conhecidos noutros Países como atiradores designados (Designated Marksman) usam a mesma arma orgânica que o resto dos militares da equipa, no entanto estão equipados com alças telescópicas que lhes permitem bater alvos a maiores distâncias, em proveito das ações de fogo e movimento das equipas e dos grupos de combate de Comandos.

SCAr H Trijicom VCOG

A nova Espingarda de atirador especial do Exército Português, a FN SCAR-H em 7,62x51mm

Este curso, foi o primeiro a ser ministrado com a nova tipologia de armamento do Exército Português. Os militares estavam armados com a espingarda de atirador especial, FN SCAR H, arma esta em 7,62x51mm, equipada com alça Trijicon VCOG, e usavam como arma secundária as, também novas, Pistola Glock 17 Gen 5. O atirador especial usa esta mira pois com aumentos variáveis, pode ir de um aumento para tiro a curta distancia até seis aumentos para distâncias maiores. A mira tem um retículo com linhas de estádia, o que permite facilmente ao atirador ver a que distância se encontra do alvo e colocar a linha da distância correspondente sem ter que efetuar mais cálculos nem tocar nos ajustes da mira. Esta é igualmente equipada com o retículo  iluminado para ser possível acoplar sistemas de visão noturna e fazer tiro durante a noite.

Este curso destina-se a capacitar os militares que o frequentam com competências técnicas na execução de tiro de precisão até aos 600 metros em apoio das suas Subunidades. E tem a duração de 15 dias úteis de formação incluindo os módulos de reforço de conhecimentos teóricos tais como: princípios fundamentais do tiro, avaliação de distâncias, balísticas, influencias das variáveis atmosféricas no tiro. A esta fase segue-se outra essencialmente prática que, em carreira de tiro, visa o domínio da técnica de tiro. Os formandos executaram também tabelas de tiro reativo de espingarda e de pistola. Assim como exercícios de tiro com condicionamento físico integrado na sessão.

A nossa revista encontra-se a acompanhar o aprontamento dos Comandos e respectiva 8ª FND para a Republica Centro Africana e em breve teremos mais imagens para os nossos leitores.

DSEI 19 – DEFENCE & SECURITY EQUIPMENT INTERNATIONAL

 

Esta reportagem contou com o Patrocínio de:

A DSEI – DEFENCE & SECURITY EQUIPMENT INTERNATIONAL, é um das maiores Exposições Internacionais de Defesa que se realiza na Europa. Ocorre bi-anualmente e é um evento mundial que conecta governos, forças armadas internacionais, líderes de opinião da indústria e a cadeia global de fornecedores e distribuídos de produtos de defesa e segurança, numa escala incomparável.

Com uma variedade de oportunidades valiosas para networking, uma plataforma para negócios, acesso a conteúdo relevante e demonstrações de equipamentos ao vivo, a comunidade de visitantes e expositores da DSEI pode compartilhar conhecimento, descobrir, inovar e experimentar os recursos mais recentes nos sectores aeroespacial, terrestre, naval, segurança e outros domínios. A ultima exposição realizou-se em Londres, contou com a participação de 50 Países, cerca de 1 700 Expositores, mais de 36 000 participantes, distribuídos por 44 Pavilhões e impressionantes palestras  apresentadas por mais de 300 especialistas de renome internacional.

A nível de expositores, participaram quase todos os gigantes da Defesa Mundial, com a exposição de fabricantes de armas ligeiras até às grandes viaturas militares. No que diz respeito a Portugal, estiveram presentes militares dos vários ramos das Forças Armadas com vista aos estudos correntes para aquisição de equipamentos aprovados pela presente lei de programação militar. Conseguimos assim observar em primeira mão alguns dos mais recentes equipamentos que poderão ser uma opção para os militares Portugueses.

Dentro do sector terrestre destacamos as armas ligeiras da FN HERSTAL, como a FN SCAR H PR e a SCAR SC, que poderão complementar a família de armas ligeiras já adquiridas pelo Exército. Podemos também observar algumas armas de apoio, como as MINIGUN 7,62x51mm da empresa PROFENSE, que é neste momento o fabricante mais promissor nesta área. Os sistemas RWS (Remote Weapons Station) da Kongsberg apresentaram-se a equipar as mais variadas plataformas, inclusive em Unmanned Ground Vehicle (UGV), em configurações que usam armas em 30x113mm, 40x53mm, .50Cal., 7,62x51mm e até 5,56x45mm, e com capacidades que vão desde Anti-Carro com ATGM (Anti Tank Guided Missile) até às funções Counter UAS (Unmanned Aerial System). Podemos também observar as várias versões das Caçadeiras Benelli que estão a concorrer ao concurso da NSPA (NATO Support and Procurement Agency) para equipar o Exército Português.

No que toca a viaturas damos especial relevância às muito badaladas Oshkosh JLTV (em exposição as versões Porta Morteiros e SHORAD – Short Range Air Defense). Estas estão a ser produzidos em massa para equipar vários Países da NATO (USA, Inglaterra, Lituânia, Monte-Negro, etc) e têm uma capacidade e protecção impressionante, assim como uma polivalência e capacidade de transportar poder de fogo muito considerável para qualquer campo de batalha. Também será de especial importância para a frota Portuguesa os mais recentes Upgrades da AM General ao Humvee/HMMWV  (com artilharia 105mm soft recoil, capacidade para transporte de nove militares, recondicionamento/refurbishment de viaturas antigas e inúmeras outras configurações já com provas dadas nas maiores batalhas deste século) uma vez que estes são uma plataforma muito mais leve do que as recentes vamtac, possuem uma mecânica super fiável e podem chegar a sítios onde estas não conseguirão, assim como têm uma capacidade Parachutável de C130 ou C390 onde as vamtac acopladas às paletes usadas para esse emprego , não cabem no avião.

A DSEI costuma ter uma exposição Naval considerável, e este edição não foi excepção. Desde grandes Navios até às pequenas lanchas semi-rígidas, poderia se encontrar todo o tipo de equipamentos. Algumas Fragatas Inglesas e Belga estiveram presentes onde podemos destacar os equipamentos de protecção de força contra ameaças assimétricas como metralhadoras multicanos GAU-19/B (produzidas pela General Dynamics) em .50Cal BMG, em versões usadas por um apontador ou numa RWS SEA PROTECTOR da Kongsberg. Também no mesmo sector a nova RWS da FN HERSTAL em .50Cal BMG, a DEFNDER estava em demonstração na Fragata Belga. No campo dos UAV embarcados, o Camcopter S-100 da Schiebel fez furor por todos os presentes. As suas capacidades são impressionantes ao ponto de várias Marinhas da NATO e Aliados já o terem adoptado (Estados Unidos, Itália, França, Suécia, Austrália, etc.).

No que toca aos equipamentos aéreos, damos destaque aos Helicópteros UH-60 Blackhawk armados, em que os Lança Rockets da Arnold Defense são equipamento standard. Estes existem em várias versões que equipam também Aviões (como os F16 e F18) e Helicópteros de Ataque (como o Apache e Cobra), assim como viaturas terrestres. Uma grande evolução no que toca a lança rockets é agora poderem disparar Rockets Guiados, como o APKWS da BAE Systems, que passa a ser um pequeno míssil guiado, com menores danos colaterais e menor custo de aquisição, mas com a mesma precisão.

Relativamente a sistemas anti-drone não cinéticos (que não usam qualquer tipo de projéctil), também podemos observar alguns produtos interessantes como o IXI Drone Killer, que é basicamente uma espingarda electrónica que os militares transportam consigo e que neutraliza qualquer drone que apareça na área. Como sistema mais complexo de defesa integrada estática ou móvel (em veículos) gostaríamos de salientar o AUDS, que já está em uso em vários teatros de operações. Este pode detectar drones até quase 4Km e depois empenhar-se com os mesmos electronicamente, e inclusive coordenar com uma RWS estática ou de uma viatura, para se empenhar com o disparo de granadas de 40x53mm (versão Air Burst) ou metralhadora Minigun de 7,62x51mm da PROFENSE.

Uma das grandes vantagens desta feira se realizar em Inglaterra é que tanto as empresas Norte Americanas, como Europeias e até de aliados no Médio Oriente, estão presentes, permitindo assim, a quem interessado, conhecer muitos dos equipamentos que vão desde as gamas mais altas, até versões mais económicas mas que satisfazem Países aliados. A próxima será já em 2021 e esperemos que seja ainda um maior sucesso.

Aprontamento 2º Batalhão Paraquedistas – Republica Centro Africana 2020

No presente Mês de Novembro de 2019, o 2ª Batalhão de Paraquedistas (2ºBIPara), sediado em São Jacinto – Aveiro, no Regimento de Infantaria nº10,  iniciou a integração do novo armamento ligeiro do Exército (pistola Glock 17, Espingarda de Assalto FN SCAR-L e metralhadora ligeira Minimi MK3 556) que irá ser empregue na sua próxima missão na Republica Centro Africana. Os Paraquedistas realizaram uma série de estágios de adaptação às novas armas e aproveitaram as recentes formações em TCCC (Tactical Combat Casualty Care) para integrarem o novo armamento nos seus treinos de Care Under Fire.

O 2º BIPara irá ser a componente Operacional da 7ª Força Nacional Destacada (FND) para a RCA. A 7ª FND é constituída por cerca de 180 militares, na sua maioria do 2º BIPara, mas incluí militares de outras unidades, como os militares que operam as Viaturas PANDUR II 8×8 da Brigada de Intervenção, e elementos do TACP (Tactical Air Contro Party) da Força Aérea Portuguesa que desempenharão a função de JTAC (Joint Terminal Attack Controller). A Força será empregue a partir de MArço 2020 como Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force – QRF) da MINUSCA (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic). Esta força ficará aquartelada em Bangui, capital da Republica Centro Afriana (RCA), no aquartelamento Francês com o nome de M´Poko.

A integração no novo armamento decorreu de uma forma muito natural. Os Paraquedistas são a unidade do Exército que usa o calibre standard da NATO (5,56x45mm) há mais tempo, tendo assim uma experiência acomulada das suas grandes vantagens em combate. As FN SCAR facilitam ainda mais a vida aos nossos militares uma vez que são mais leves e mais ergonómicas que quaisquer outras armas em serviço em Portugal. A Minimi 5,56x45mm é a metralhadora ligeira (ML) mais difundida por todo o mundo, onde a versão MK3 que veio para Portugal é uma evolução natural devido ao feedback operacional do uso constante em teatros de operações. Os Portugueses embora já usem a HK Mg4 na RCA, notaram logo vantagem significativas na nova ML, mais leve, mais ergonomica ao utilizador (coronha telescopica, punho e rails no guarda mãos), com muito menos recuo ao disparar (quase identico ao de uma arma de assalto) e com a capacidade de usar os mesmos carregadores ou tambores da FN SCAR-L (20, 30, 40 ou 60 munições) caso as fitas acabem.

Os elementos do TACP (Tactical Air Control Party) da Força Aérea Portuguesa que irão integrar a missão na RCA também estiveram presentes neste treino. A capacidade de interoperabilidade de armamento entre estes elementos e o resto da Força passa agora a ser uma realidade com as novas armas. Os militares da FAP são empenhados ombro a ombro com a QRF e já por inumeras vezes tiveram de recorrer às suas armas individuais para se defenderem dos ataques dos grupos armados. A sua maior arma é o rádio para coordenar o apoio aéro, mas quando as coisas aquecem o seu unico meio de defesa são as suas espingardas de assalto e pistola que têm de estar prontas a reagir ao segundo. Estes militares aproveitaram para conhecer as novas armas do Exército com que também treinaram e ficaram até reticentes em ter de as devolver ao fim do dia tal foi a sua excelente performance durante todos os dias de Exercicio.

No final de umas horas de aperfeiçoamento no uso das novas armas a força passou a dedicar-se à intregação de tecnicas de Care Under Fire no treino de combate. Os procedimentos CUF são a primeira fase das três etapas do TCCC (Tactical Combat Casualty Care) – Care Under Fire – CUF , Tactical Field Care – TFC e Tactical Evacuation Care – TACEVAC. As capacidades de TCCC de um unidade têm-se mostrado cruciais em todos os conflitos da ultima década. Milhares de vidas têm sido salvas devido as capacidades acrescidas dos militares com este tipo de formação e que estão integrados nas unidades de combate. Estes militares não pretendem substituir Médicos e Enfermeiros, no entanto, não é possível ter este pessoal especializado em todas as situações de combate e assim evita-se empenhá-los na frente de batalha. Com a criação de Combat Life Savers, Ranger Medics, SF 18DPararescue, etc., as unidades operacionais conseguem ter, na linha da frente, pessoal com conhecimentos básicos de Medicina de Combate que permitem estabilizar certos ferimentos que colocariam em risco de vida um militar ferido.

No caso do CUF, estamos a falar da fase inicial, em que o militar ferido está exposto a fogo directo ou indirecto por parte do inimigo. O que torna qualquer procedimento complexo e extremamente perigoso. Os militares do 2ºBIPara têm como objectivo que todos os militares que integram a unidade de manobra sejam capazes de executar os procedimentos básicos desta fase, o que poderá salvar a vida de um militar ferido até conseguirem evacua-lo para junto de pessoal especializado.

Devido ao incremento nas capacidades de ameça dos grupos armados na RCA, as viaturas, embora blindadas, estão cada vez mais em risco. Durante o exercicio foram executados procedimentos de recuperação de feridos de dentro de viaturas assim como o seu embarque. Também a recuperação de feridos em áreas descobertas e coloca-los em zonas mais protegidas foi treinado. O 2º BIPara tem um Mindset muito aguçado para o Combate de alta intensidade e em todas as manobras impõe o seu poder de fogo de modo a obliterar qualquer inimigo que tenha a audácia de atravessar o seu caminho. Isto é absolutamente essencial quando temos feridos envolvidos na manobra, o 1º procedimento Médico é destruir o inimigo para que não exista a possibilidade de haver mais feridos ao socorrer os nossos camaradas. A melhor Medicina de Combate é poder de fogo, e as novas armas vieram dar isso mesmo. A conjugação da SCAR-L com a Minimi 5,56 veio aumentar em muito o poder de fogo do Exército Português, é agora possível bater o inimigo pelo fogo por muito mais tempo com um Hit Probability muito mais elevado e com interoperabilidade entre as próprias armas, numa cadeia logistica que pode usar um só calibre para os militares apeados e os mesmos carregadores entre todos.

Na parte teórica do treino de CUF, os procedimentos foram maioritariamente relacionados com o controle de hemorragias graves que poderão colocar em risco de vida um militar ferido. Em caso de certos ferimentos um ser humano pode perder sangue tão rapidamente que em cerca de 3 três minutos falece, portanto é preciso estar preparado para executar certos procedimentos debaixo de fogo de modo a controlar essas hemorragias.

Estes militares focaram-se no uso de Torniquetes (TQ) nos membros, com o uso de marcas aprovados pelo comité de TCCC, e na aplicação de  Gaze Hemostática, como o Celox Rapid, ou  aplicadores de pó hemostático, como o Celox-A, que conseguem controlar hemorragias em cerca de 60 segundos em zonas como a axila, pescoço ou virilha onde o TQ não pode ser usado. Também foi dado ênfase à prevenção de pneumotórax hipertensivo com a rápida aplicação de um Cheast Seal, como o Fox Seal da Celox, nas perfurações que existam no Tórax.

Foi mais uma vez com grande prazer que acompanhámos estes exercicios no ambito do aprontamento da 7ª FND para a missão na RCA. Vimos profissionais treinados para combate, com espírito de Fight que faz jubilar de orgulho qualquer Português que os veja em ação. Queremos deixar aqui o desejo uma missão cheia de sucesso e glória.

QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM. Até breve…

Portuguese Army FN SCAR

Novas Armas ligeiras do Exército Português

No passado dia 16 de Setembro de 2019, o Exército Português apresentou a sua nova familia de armas ligeiras. Estas arnas são fabricadas pelo gigante da defesa, a FN Herstal e o Exército passará a ter ao seu dispor a Espingarda de assalto FN SCAR L (5,56x45mm), o Lança Granadas FN40 (40x46mm), as metralhadoras ligeiras e media (5,56x45mm e 7,62x51mm respectivamente) e a espingarda de atirador especial SCAR-H (7,62x51mm).

Nas imagens de Video podémos presenciar uma demonstração efectuada por uma Task Unit da Força de Operacções Especiais do Exército Português onde fica evidente o aumento do poder de fogo das unidades de manobra do Exército em relação aos sistemas anteriormente usados.

Não só a nova arma vem dar mais capacidades ao Exército, mas ao ser complementada com uma metralhadora ligeira, no mesmo calibre e que inclusive poderá usar os mesmo carregadores, toda a capacidade das pequenas unidades é incrementada. Também o lança granadas de 40mm trará uma capacidade melhorada, uma vez que é muito leve e de facil utilização, pode ser usado acoplado à nova arma ou como arma autónoma.

O ministro da Defesa, referiu no seu discurso: “A substituição do armamento ligeiro do Exército representa o culminar de um processo longo, ha muito esperado, e é de toda a justiça que se sublinhe o compromisso inabalável que o Governo manteve com este projecto e o trabalho de todos envolvidos.” e também, ” Estamos, portanto, hoje a  assinalar um importante passo tanto no reequipamento, como na modernização do Exército – dois objectivos que considero de absoluto interesse nacional.”

O Exército passa agora a estar equipado pelo maior fabricante de armas ligeiras mundial, com uma das melhores, se não a melhor, espingarda de assalto da actulidade, e com um grupo de armas que complementam essa capacidade e que irão dar ao Exército um poder de fogo sem precedentes na sua História.