Avião de treino T6 Texan II e o seu irmão musculado de ataque ao solo, AT-6 Wolverine

Nos ultimos meses tem-se falado muito da possibilidade de a Força Aérea Portuguesa (FAP) adquirir uma esquadrilha de aeronaves a hélice para instrução de pilotos e depois também da aquisição de um pequeno número de aviões do mesmo género mas para  ataque ao solo em áreas de pouca ameaça anti-aérea.

Textron Aviation Defense (proprietária da Beechcraft) alcançou em Julho de 2022 mais um passo importante para o seu AT-6 Wolverine, com a certificação militar (U.S. Air Force military type certification – MTC).

AT-6 Wolverine diversified weapons suit

Com a venda de um lote importante às Forças Armadas dos Estados Unidos a Textron passa assim a poder concretizar vendas da aeronave a Países aliados, por meio do programa de vendas militares estrangeiras (Foreign Military Sales – FMS), patrocinado pelo governo dos EUA, e que torna o AT-6 ainda mais atrativo. O processo de aquisição por FMS não elimina, no entanto, o atual processo de vendas comerciais diretas (DCS – Direct Comercial Sales) que é sempre mais rápido, e na maioria da vezes mais eficiente em custo, e que se manterá para os clientes que assim o desejem. Também foram vendidos pacotes de treino para o TACT (Terminal Attack Control Trainer) da Marinha dos Estados Unidos para uso do AT-6 Wolverine no treino de uso de armamento real coordenado pelas equipas de FACs (forward air controllers) e JTACs (Joint terminal attack controllers).

O porquê de um avião de ataque ligeiro

Desde a guerra do Vietnam que houve na US Air Force uma sucessão de tentativas de colocar em campo uma aeronave de ataque ligeiro de baixo custo. O programa OA-X (a origem do Light Attack Experiment) e a busca por uma nova plataforma para atender às necessidades da guerra irregular remontam a 2008. Este programa exigia um projeto pronto para uso de modo a garantir que o processo de desenvolvimento, avaliação e envio para o terreno seria rápido, e a um custo reduzido. A aeronave teria de ser capaz de operar a partir de zonas austeras em bases operacionais avançadas e ser amplamente autossustentável, pois seria empenhada a partir de bases onde faltariam capacidades de manutenção.

Os aviões de ataque ligeiro continuam um tema quente para a Força Aérea dos EUA que tem evoluído através de inúmeras iterações. Enquanto alguns oficiais superiores olham este investimento como um desperdício desnecessário de dinheiro numa altura de orçamentos apertados que se devem concentrar inteiramente em caças avançados de quinta geração, outros defendem, acertadamente, uma combinação de forças que seja sensata e sustentável onde seriam utilizadas aeronaves de ultima tecnologia, assim como outras altamente eficientes e de baixo custo no investimento e na sustentação.

De facto, nas últimas duas décadas, a prontidão das melhores aeronaves de combate Americanas e das suas tripulações aéreas altamente treinadas e preparadas para conflitos de intensidade alta contra adversários com capacidades equivalentes, foi prejudicada pelo emprego constante no combate a ameaças assimétricas, de baixo grau de intensidade, e que muitas vezes nem foram consideradas como uma ameaça antiaérea credível.

Por exemplo, em 2017 um F-22 Raptor no Afeganistão foi empenhado para atingir um laboratório de drogas no valor de cerca de US 2.800,00 $. Este caça furtivo custa cerca de US 70 000,00 $ por hora de voo, e foi utilizado para desempenhar uma missão que em comparação, poderia facilmente ter sido alcançado por um caça AT-6 Wolverine que custa cerca de US 1 000,00$ por hora de voo, e com um custo de aquisição infinitamente mais baixo.

Sobre este tema, o Tenente-General Arnie Bunch, da USAF’s office for acquisition, refere: “If we can get light attack aircraft operating in permissive combat environments, we can alleviate the demand on our fourth- and fifth-generation aircraft, so they can be training for the high-end fight they were made for.”.

O T-6C+ Texan II

O avião de treino militar Beechcraft® T-6C Texan II é uma aeronave militar de última geração, projetado para todos os níveis de instrução. Este é usado por todo o mundo e alcançou recente o estrondoso número de 1000 unidades produzidas. Este é comercializado tanto por DCS (Direct commercial Sales) tal como por FMS (Foreign Military Sales).
Construído especificamente para uma ampla gama de recursos, o modelo T-6C prepara os pilotos para missões no mundo real. Cada capacidade de treino, desde os ecrãs iniciais do piloto até o treino operacional avançado, é projetada para experiência em missões de aeronaves militares, dando aos pilotos a experiência e a confiança para alcançar o sucesso.

O T-6C Texan II permite que os pilotos vejam uma imagem completa do que se passa à sua volta. O cockpit de alta tecnologia e com uma arquitetura aberta de última geração, totalmente digital, oferece a visibilidade cristalina necessária para completar missões complexas que preparam pilotos até para caças de ultima geração, como o F35. O melhor treino requer consciência situacional total e os ecrãs de voo do T-6C apresenta a tecnologia necessária para manter os pilotos seguros e aumentar sua capacidade de treino.

O AT-6 Wolverine

Esta aeronave é a versão moderna de ataque ao solo do venerável avião de instrução Beechcraft T-6 Texan II que é usado por todos os ramos das Forças Armadas dos Estados Unidos da América e mais 12 nações estrangeiras. O AT-6 Wolverine mantém 85% de peças em comunhão com o Texan II, e embora as versões mais antigas deste avião sejam já amplamente conhecidas pelos Pilotos da FAP, que o voam para a sua formação no F16 nos Estados Unidos da América. Este avião de instrução já é vendido na versão C, D e C+, que foi amplamente modernizada com os mais modernos aviónicos, de modo a simular o cockpit do A10 e do F16.

O AT-6 Wolverine possuí um motor Pratt & Whitney Canada PT6A-68D de 1.600 Shaft HorsePower, que fornece uma relação peso-potência inigualável por outras aeronaves turbo-hélice de ataque ligeiro. O Wolverine destaca-se ainda mais graças aos seus aviónicos de eficácia comprovada, com sistemas e sensores de combate utilizados pela US Air Force. Estes também o tornam compatível com todos os equipamentos digitais de voz, dados e vídeo usados pelos JTAC (joint terminal attack controller) dos Estados Unidos assim como dos seus aliados da NATO.

Além disso, a aeronave possui um Full Glass Cockpit Esterline CMC 4000 certificado pela FAA e um sistema de missão de combate desenvolvido pela Lockheed Martin que é o mesmo que é usado no A-10 e no F16. Isto faz com que o cockpit seja uma área de trabalho muito semelhante ao F-16 e que exista um interface piloto/aeronave similar, resultando numa familiarização muito fácil e imediata para qualquer piloto de F-16.

A aeronave está equipada com uma camara L-3 Wescam MX-1 5Di que fornece imagens a cores ou infravermelho, com designador a laser, iluminador a laser, rastreador de pontos a laser e telémetro laser. Conjuntamente com os seis pontos de fixação (hardpoints) sob as asas, dos quais quatro são compatíveis com armas inteligentes graças à cablagem Mil Std 1760, dá ao Wolverine uma capacidade orgânica para encontrar e designar alvos, que podem ser atacados usando uma ampla gama de armas de precisão.

Os pods de metralhadora pesada FN Herstal HMP-400 de .50cal (12,7 mm); rockets Hydra de 70mm (não guiados); os rockets de 70mm guiados (BAE Systems Advanced Precision Kill Weapon System – APKWS); bombas de queda livre mk81 (250Lbs) e mk82 (500Lbs); bombas guiadas a laser GBU12 Paveway II (500Lbs), GBU49 Enhanced Paveway II (500Lbs), GBU58 Paveway II (250Lbs) e GBU59 Enhanced Paveway II (250Lbs), mísseis antitanque AGM-114K/M/P e R Hellfire, foram todos aprovados e certificados para uso no Wolverine, com resultados espetaculares ao nível de potencial de combate e precisão.

Com 85% de peças e ferramentas em comum com o avião de treino T-6 TEXAN II, a uniformização da frota é uma enorme vantagem, especialmente se os clientes quiserem criar rapidamente novas esquadras de aeronaves de ataque ligeiro, aproveitando tanto as linhas de pensamento de treino, tanto como as cadeias logísticas de suas frotas de treino dos T-6 existentes ou a adquirir.

Facilmente um ramo das Forças Armadas que queira adquirir um avião de treino muito económico poderá adquirir alguns T-6 Texan II, e depois complementar para missões de combate com aviões de ataque ligeiro AT-6 Wolverine, poupando assim as aeronaves de combate ao desgaste diário do treino de Pilotos.

O AT-6 destaca-se de outras aeronaves suas concorrentes devido aos seus aviónicos e equipamentos eletrónicos superiores, à sua capacidade de transportar mais armamento a maior altitude, muito mais flexibilidade na variedade de armamento, e de conseguir descolar de pistas de terra mais curtas que os outros da sua classe.

Esta aeronave tem a capacidade de se encaixar perfeitamente nas estruturas existentes das Forças Aéreas modernas. A abrangência global da Textron, especialmente em termos de cadeia logística, sustentação [ILS] e sistemas abrangentes de treino de pilotos já apoiaram a frota mundial de mais de 1000 unidades das várias versões do T-6s que foram produzidas desde os anos 90. Com uma frota global que ultrapassa 3,2 milhões de horas de voo em mais de uma dezena de países, a Textron possuí décadas de experiência minimizando assim quaisquer possíveis obsolescências de componentes, diminuindo o custo vida dos ciclos de vida dos componentes e garantindo altas taxas de prontidão. Além disso, os pilotos que treinam no T-6 fazem uma transição muito natural para o AT-6.

Tom Webster, piloto de testes do AT-6 explicou que “Throughout the Light Attack Experiment, US Air Force, Navy and Marine Corps aircrew – many of whom had previous experience with the T-6 Texan II in pilot training – validated the AT-6’s world-class capabilities. In flight, they demonstrated the Wolverine’s superior range, handling, climb rate and aerodynamic performance, especially when they conducted dissimilar formation flights with our competitor. On the ground, the AT-6’s superior power-to-weight, low center of gravity and markedly smaller taxi turn radius made it the much easier aircraft to operate during austere, unimproved runway assessments. Bottom line, they saw that the AT-6 performs better, flies faster, goes further, climbs higher and does more.”

Força Aérea Portuguesa compra Helicopteros UH60 Black Hawk para combate a Incêndios

A empresa Norte-Americana Arista Aviation, representada em Portugal pela Sodarca Defense, ganhou o concurso público da Força Aérea Portuguesa (FAP) para a aquisição de 6 Helicópteros Bombardeiros Médios (GCMIR/5021017626) que serão usados no Combate a Incêndios em todo o território Nacional.

Notícia em: FORÇA AÉREA ADQUIRE NOVOS MEIOS PARA COMBATE A INCÊNDIOS RURAIS

A FAP vai assim estar equipada com um dos melhores Helicópteros do mundo a combater incêndios. A exemplo da Califórnia, da Polónia, da Austrália e de outros locais por todo o mundo, Portugal irá estar munido, a partir de 2023 com Helicópteros SIKORSKY UH60 Black Hawk.

A FAP conseguiu, através de um concurso público exaustivo para aquisição de seis helicópteros médios, adquirir aquela que é a aeronave mais polivalente do planeta. O Black Hawk, é um Helicóptero Bimotor, fabricado pela Sikorsky (hoje em dia pertencente ao grupo Lockheed Martin), que começou a sua operação em 1979 como um puro Helicóptero militar utilitário (Utility Helicopter – UH) do Exército dos Estados Unidos da América. No entanto, esta aeronave obteve tanto sucesso que rapidamente foram produzidas as mais variadas versões, desde helicópteros para a guarda costeira, marinha, força aérea, operações especiais e até versões de ataque (chamados gunship). Também os Marines Norte Americanos usam a versão VH60 Night Hawk para transportar o Presidente dos Estados Unidos, ficando nessa altura nomeado como Marine 1.

O Black Hawk, para além das entidades civis que equipa, serve os militares dos EUA e as forças armadas de 28 outros países em todo o mundo como um helicóptero utilitário extremamente resistente e de alta fiabilidade. Mais de 4.000 helicópteros H60 estão hoje em serviço em todo o mundo. O Exército dos EUA é o maior utilizador com cerca de 2.135 aeronaves H-60, de vários tipos. Nos últimos anos, o Exército Americano encontra-se numa campanha de renovação das suas frotas e a colocar à venda no mercado algumas plataformas. Várias foram as entidades (empresas civis, departamentos de bombeiros, forças armadas aliadas, etc.) a aproveitar esta situação e equiparem-se com estes Helicópteros, que de outra forma teriam preços muitíssimo mais elevados se fossem novos.

Foi aqui que a Arista Aviation ganhou relevância Internacional, especializando-se na compra destas plataformas às Forças Armadas Americanas. O seu modelo de negócio passa por desmontar as aeronaves por completo, fazendo o recondicionamento das partes com potencial, substituindo aquelas que estão em fim de vida, instalando novos aviónicos e sistemas eletrónicos. O resultado é um Helicóptero como novo de produção, com aviónicos e sistemas tecnológicos atuais, por um valor significativamente abaixo daquele que custaria um novo.

Seja em operação, em manutenção ou no recondicionamento, os funcionários da Arista são profissionais altamente qualificados. A Arista tem uma equipa com décadas de experiência a trabalhar com este tipo de Helicóptero. Por exemplo, alguns dos pilotos de teste no UH-60 operam-no desde 1983, sendo que uns pertenceram ao famoso 160th Special Operations Aviation Regiment (conhecidos como Night Stalkers). Também vários engenheiros e técnicos de manutenção da Arista apoiaram o UH-60A nas Forças Armadas dos EUA durante mais de 25 anos.

Embora os maiores clientes da Arista Aviation sejam empresas privadas e departamentos de bombeiros, a empresa também conseguiu posicionar-se no mercado como um parceiro de especial importância para algumas Forças Armadas da América do Sul que usam Black Hawk, assim como alcançou exportações importantes na Europa, Ásia e na Oceânia.

Para além de fazer o recondicionamento destas aeronaves para combate a incêndios, a Arista prepara as mesmas para missões de busca e salvamento em combate. A Arista tem a capacidade de incorporar blindagem, sistemas de resgate a feridos graves em combate (Air Med Evac), sistemas de armas modernos, sistemas de vigilância eletrónicos ao solo com definição no espectro visível ou Infravermelho a vários KM de altitude e até na instalação de guiamento para misseis e/ou rockets.

Para este concurso de Helicópteros Médios para combate a incêndios, a Arista aliou-se à Sodarca Defense. Esta ultima, com uma experiência comprovada ao nível de equipamentos militares (representando gigantes da Defesa como a General Dynamics ou a FN Herstal, que equipam as Forças Armadas Portuguesas). Como empresa participada do Grupo Sodarca, está a Helibravo, empresa operadora da maior frota de Helicópteros em Portugal a desempenhar a função de combate a incêndios. Esta aliança tem como vantagem para Portugal a transferência de tecnologia e know-how no recondicionamento e manutenção dos UH60 Black Hawk pela Arista, para com a Industria Portuguesa, com a manutenção e operação de Helicópteros em combate a incêndios do Grupo Sodarca.

Durante os últimos 40 anos, o notável helicóptero multiusos Black Hawk foi o elemento que significou vantagem dentro e fora de inúmeras operações de alto risco, tenham sido elas em conflitos armados ou operações de carácter civil. Esta aeronave, considerado por muitos como sendo o melhor helicóptero multifunções do mundo foi utilisado para inserir e extrair tropas, fazer busca e salvamento nas zonas mais inóspitas do planeta, salvar vidas como MEDEVAC ou plataforma de evacuação de vítimas em sangrentos campos de batalha, fornecer suprimentos críticos a tropas em zonas isoladas, entregar suprimentos de emergência durante desastres naturais, transportar viaturas e outro tipo de equipamento pesado para zonas remotas, fazer vigilância de fronteiras, vigilância marítima e guerra anti-submarina, transportar o Presidente dos Estados Unidos, e também como Helicóptero de combate a incêndios. Este tipo de aeronave tem desempenhado bem documentadas missões de grande relevo no combate a grandes incêndios Florestais descontrolados. Nos estados Unidos, nenhum outro Helicóptero tem sido tão importante na defesa das populações e do meio ambiente como o Black hawk, de tal modo que tem sido adaptado de várias formas, inclusive com tanques externos (belly tank) de modo a poder transportar 4000L de água, o que o transforma num Helicóptero pesado de combate a incêndios.

De relevar que foi assinado, no passado dia 25 de abril, o protocolo de colaboração entre o California Department of Forestry and Fire Protection (CAL FIRE) e a Agência nacional para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF – https://www.agif.pt/pt/assinado-protocolo-entre-o-cal-fire-e-a-agif). A CAL FIRE dedica-se à proteção contra incêndios, e à promoção da gestão da vegetação dos territórios (26Mha) da Califórnia a mais de 40 milhões de habitantes. Este departamento Californiano desenvolveu um Programa de gestão integrada de Incêndios que inclui atividades como engenharia de pré-incêndio em áreas florestais, gestão da vegetação e dos incêndios, sensibilização e educação da população e ainda a aplicação da lei. A CAL FIRE possui vários helicópteros Black Hawk ao seu serviço.

Legenda: Montagem do hipotético esquema de pintura dos futuros Helicóptero Black Hawk da Força Aérea Portuguesa (Foto original das Forças Armadas dos Estados Unidos)

A Força Aérea faz assim a aquisição de 6 helicópteros fenomenais, com capacidade de operar nas condições mais adversas, extremamente polivalentes e fiáveis, com uma capacidade de carga difícil de igualar na sua classe, muito fáceis e económicos de manter, com baixo custo de utilização à hora face ao seu grande potencial, e principalmente a um preço que não existe competição para um helicóptero com as mesmas capacidades.

Veja aqui um pequeno Video da 2022 Special Operations Forces International Conference  Military Capabilities Demo:

DSEI 021 – Defense and Security Equipment International of 2021

Esta reportagem contou com os Patrocínios de:

A DSEI – DEFENCE & SECURITY EQUIPMENT INTERNATIONAL, é um das maiores Exposições Internacionais de Defesa que se realiza na Europa. Ocorre bi-anualmente e é um evento mundial que conecta governos, forças armadas internacionais, líderes de opinião da indústria e a cadeia global de fornecedores e distribuídos de produtos de defesa e segurança, numa escala incomparável.

Com uma variedade de oportunidades valiosas para networking, uma plataforma para negócios, acesso a conteúdo relevante e demonstrações de equipamentos ao vivo, a comunidade de visitantes e expositores da DSEI pode compartilhar conhecimento, descobrir, inovar e experimentar os recursos mais recentes nos sectores aeroespacial, terrestre, naval, segurança e outros domínios. A ultima exposição realizou-se em Londres, contou com a participação de 50 Países, cerca de 1 700 Expositores, mais de 36 000 participantes, distribuídos por 44 Pavilhões e impressionantes palestras  apresentadas por mais de 300 especialistas de renome internacional.

A nível de expositores, participaram quase todos os gigantes da Defesa Mundial, com a exposição a ir desde fabricantes de armas ligeiras até às grandes viaturas militares. No que diz respeito a Portugal, estiveram presentes militares dos vários ramos das Forças Armadas com vista aos estudos correntes para aquisição de equipamentos aprovados pela presente lei de programação militar. Conseguimos assim observar em primeira mão alguns dos mais recentes equipamentos que poderão ser uma opção para os militares Portugueses.

Dentro do sector terrestre destacamos as armas ligeiras da FN HERSTAL, com a apresentação da Metralhadora Ultra-Ligeira FN EVOLYS. Não esquecendo também armas como a FN SCAR H PR e a SCAR SC, que poderão complementar a família de armas ligeiras já adquiridas pelo Exército Português. Podemos também observar algumas armas de apoio, como as MINIGUN 7,62x51mm da empresa PROFENSE, que é neste momento o fabricante mais promissor nesta área, pois as suas armas são as unicas que permitem uma cadência de fogo variável entre 1500 RPM ou 3000 RPM. No que toca aos sistemas RWS (Remote Weapons Station), a mais famosa sendo a Kongsberg, podémos ve-las a equipar as mais variadas plataformas, inclusive em Unmanned Ground Vehicles (UGV), em configurações que usam armas em 30x113mm, 40x53mm, .50Cal., 7,62x51mm e até 5,56x45mm, e com capacidades que vão desde Anti-Carro com ATGM (Anti Tank Guided Missile), até às funções Counter UAS (Unmanned Aerial System). De destacar a versão RS4 equipada com um Lança Rockets da Arnold Defense, que permite disparar Rockets guiados APKWS da BAE Systems e assim eliminar alvos onde um ATGM seria demasiado dispendioso ou até um overkill. Podemos também vislumbrar as várias versões das Caçadeiras Benelli, em que as Super nova ganharam o concurso da NSPA (NATO Support and Procurement Agency) para equipar o Exército Português.

No que toca a viaturas damos especial relevância aos novos Humvee SABER da AM General e ao Humvee HAWKEYE  (com uma peça de artilharia 105mm soft recoil). Os primeiros pela sua inovação em termos de proteção, conseguindo mesmo assim manter a viatura numa configuração modesta em termos de tamanho e peso. No segundo, porque a necessidade de plataformas muito moveis que providenciem poder de fogo é, cada vez mais, de extrema importancia. Muito interesante tem sido também a proliferação de motas electricas de duas rodas, com várias viaturas ligeiras a apresentarem montagens para transportar este tipo de viaturas e assim os seus militares poderem efectuar certos tipos de missões sem serem detetados umas vez que estas quase não emitem assinatura sonora, térmica e inodora. Também as viaturas da General Dynamics tiveram especial papel, com o IFV ASCOD a participar com várias versões, inclusive uma dedicada exclusivamente ao lançamento de misseis anti-Carro (ATGM – Anti Tank Guided Missile), carregando 8 misseis prontos a disparar.

A DSEI costuma ter uma exposição Naval considerável, no entanto desta vez estava um pouco mais modesta. Com os grandes Navios mais ausentes, as pequenas embarcações e os sistemas não tripulados tiveram mais destaque. O lançamento do novo CB90 HSM foi um sucesso e este barco patrulha de alta performance e com capacidade de desembarque amfíbio impressionou todos os presentes. No campo dos UAV/UAS embarcados, o Camcopter S-100 da Schiebel continua a sua expansão por várias Marinhas mundiais e o FIRE SCOUT da Northrop Grumman tem vindo cada vez mais a provar o seu valor e o porquê de os pequenos drones navais não terem qualquer utilidade em combate, necessitando plataformas deste género para realmente serem plataformas aéreas navais eficazes e uteis.

No que toca aos equipamentos aéreos convencionais, damos destaque aos Helicópteros UH-60 Blackhawk armados com metralhadoras FN M3M e Miniguns PROFENSE,  e em alguns casos com Lança Rockets da Arnold Defense. Estes equipamentos podem ser montados numa montagem externa ao Helicoptero que assim nao rouba espaço de cabine e permite a reconfiguração dos Helicopteros em muito pouco tempo. Permite também que as metralhadoras sejam apontadas para a frente e disparadas pelo piloto, ou manejadas lateralmente pelos gunners num vasto angulo.  A Arnold Defense fabrica PODS lançadores de rockets em várias versões que equipam também Aviões (como os F16 e F18) e Helicópteros de Ataque (como o Apache e Cobra), assim como viaturas terrestres. Uma grande evolução no que toca a lança rockets é agora poderem disparar Rockets Guiados, como o APKWS da BAE Systems, que passa a ser um pequeno míssil guiado, com menores danos colaterais e menor custo de aquisição, mas com a mesma precisão.

Uma das grandes vantagens desta feira se realizar em Inglaterra é que tanto as empresas Norte Americanas, como Europeias e até de aliados no Médio Oriente, estão presentes, permitindo assim, a quem interessado, conhecer muitos dos equipamentos que vão desde as gamas mais altas, até versões mais económicas mas que satisfazem Países aliados. A próxima será já em 2023 e esperemos que seja ainda um maior sucesso.

DeepInfil 21 – Exercício do Exército Português e das Forças Armadas Alemãs

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Aos primeiros raios de luz, já as forças do Exército Português se encontram em posição para tomarem de assalto as posições de um acampamento terrorista. Há 3 noites atrás, um destacamento da Companhia de Precursores dos Paraquedistas do Exército Português, juntamente com elementos Sniper da Força de Operações Especiais, já haviam feito uma incursão noturna por salto operacional de grande altitude para a área, e reportavam para a cadeia de comando todos os movimentos inimigos, preparando assim o terreno para a inserção noturna por Paraquedas de duas Companhias de Paraquedistas, que iriam executar o assalto final. Nessa noite preparam e assinalam toda a Drop Zone, fazendo assim todo o link up com a Força de Assalto.

Ao mesmo tempo que os Precursores Portugueses haviam sido inseridos no terreno, militares do Spezialisierte EGB Forces (Specialized Army Forces with Expanded Capabilities for Special Operations), pertencentes à 1ª Brigada Aerotransportada do Exército Alemão, também executam saltos de grande altitude para pontos chaves da área de operações, de modo a poderem controlar rotas de aproximação ou fuga, dando assim apoio directo a esta operação.

Esta não é uma operação real, mas é uma hipotética missão que o Exército Português esteve a treinar no Exercicio DeepInfil 021, juntamento com a Força Aérea e Exército Alemão.

O Exercício DEEPINFIL 21, decorreu de 9 a 19 de Novembro, no Aeródromo Militar de Tancos, onde está sediado o Comando da Brigada de Reação Rápida do Exército Português, e contou com a participação do Batalhão Operacional Aeroterrestre (BOAT) do Regimento de Paraquedistas, de militares do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), da Força Aérea Alemã e da 1st German Airborne Brigade, sediada em Fritzlar, na Alemanha. Para este exercício, as Forças Armadas Alemãs enviaram para Portugal 172 Militares, 3 Aeronaves e várias viaturas.

Este exercício, que integra o ciclo de treino operacional do BOAT, serviu para treinar o planeamento de operações aerotransportadas e a execução de infiltrações do Destacamento de Precursores, integrando elementos da Força de Operações Especiais, por intermédio de saltos de abertura manual a altitudes fisiológicas e não fisiológicas.

Alguns dos Militares Portugueses também completaram neste exercício, os Cursos de Queda Livre Operacional e de Piloto de Tandem Operacional. O Curso de Queda Livre Operacional destina-se a habilitar os militares com as competências necessárias para serem infiltrados no Teatro de Operações através de saltos em queda livre, com equipamento de combate e sistema de oxigénio a grandes altitudes, em ambiente diurno ou noturno. O Curso de Piloto de Tandem Operacional destina-se a preparar o militar para desempenhar a função de Piloto Tandem na Companhia de Precursores, realizar infiltrações a grande altitude através de saltos em paraquedas do tipo “asa”, utilizando para o efeito um equipamento bilugar, transportando um passageiro e cargas até 200 kg. Esta valência permite incluir na constituição da força a projetar um ou mais especialistas não qualificados em queda livre operacional.

Estes militares altamente especializados fazem parte das forças de reação rápida da NATO e a interação entre os Precursores Portugueses e forças Alemães permitiu o intercâmbio de técnicas, táticas e procedimentos, potenciando a criação de sinergias no treino, metodologias e procedimentos técnicos aeroterrestres entre todos os participantes.

Os Paraquedistas de ambas as Nações aproveitaram as excelentes condições meteriológicas que o nosso País proporciona, treinando assim saltos táticos de paraquedas com equipamento de combate, tanto de dia como de noite, usando as aeronaves Alemãs A400M e Skytrucks M28, que este País enviou para este exercício.

Pode também vizualizar um vídeo do exercício onde observa Militares da Companhia de Percurssores dos Paraquedistas Portugueses e do Centro de Tropas de Operações Especiais do Exército Português: