2º Batalhão de Paraquedistas treina CARE UNDER FIRE (CUF) – Aprontamento da 17ª FND RCA

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No Mês de Fevereio do presente ano de 2025, o 2º Batalhão de Paraquedistas do Exército Português, sediado em São Jacinto (Aveiro), no Regimento de Infantaria nº10, realizou mais um Exercício integrado na sua preparação para a missão da ONU na Republica Centro Africana (RCA).
Este treino baseou-se nos conceitos de Care Under Fire – CUF. Os procedimentos CUF são a primeira fase das três etapas do Tactical Combat Casualty Care – TCCC:

  1. Care Under Fire – CUF
  2. Tactical Field Care – TFC
  3. Tactical Evacuation Care – TACEVAC

Care Under Fire é um termo utilizado no contexto militar e policial para descrever os cuidados médicos prestados a feridos enquanto ainda se está sob fogo inimigo. Este tipo de cuidados ocorre em situações de combate, onde a prioridade é suprimir ao maximo o inimigo com fogo intenso e devastador, de modo a que os nossos feridos possam se deslocar, ou ser deslocados, para um local mais seguro e assim estabilizar os seus ferimentos graves, com a finalidade de preparar a sua evacuação ou tratamento mais intensivo que possa salvar as suas vidas no imediato.

Estas ações são desenvolvidas enquanto se está exposto ao risco de ataques contínuos, e exige uma elevada coordenação entre os envolvidos. Durante o Care Under Fire os procedimentos são minimizados e o ênfase está em garantir a segurança do ferido e da restante equipa, sem comprometer a missão ou a exposição a perigos desnecessários.
Este tipo de treino é uma parte crucial do treino de qualquer unidade, especialmente para os membros de unidades militares que se preparam para combates de alta intensidade, como é o caso dos Paraquedistas.

A capacidades de socorrer feridos em situações de combate  têm-se mostrado crucial em todos os conflitos dos ultimos anos, tanto a nível policial como militar. Milhares de vidas têm sido salvas devido as capacidades acrescidas dos envolvidos, quando estes possuem este tipo de formação. Estes elementos das forças de segurança ou militares não pretendem substituir Médicos e Enfermeiros, no entanto, não é possível ter este pessoal especializado em todas as situações de combate e assim evita-se empenhá-los na frente de batalha.
Com a criação de funções como a de Combat Life Saver, Ranger Medic, SF 18D,  Pararescue, Socorristas, etc., as unidades militares conseguem ter, na linha da frente, pessoal com conhecimentos básicos de Medicina de Combate que permitem estabilizar certos ferimentos que colocariam em risco de vida um militar ferido.

Durante o Care Under Fire – CUF, os procedimentos médicos são limitados devido ao risco contínuo de fogo inimigo. O foco principal é garantir a sobrevivência do ferido até que ele possa ser retirado da linha de fogo para um tratamento mais complexo.
Os procedimentos a realizar durante essa fase são baseado no conceito Norte-Americano provado em combate nas ultimas décadas que é conhecido pela menemónica 3B´s:

Bad guys
Fogo intenso de supressão sobre o inimigo e avaliação rápida da situação. A prioridade é identificar rapidamente a ameaça e a gravidade da situação sem comprometer a segurança da equipa.

Bleeding
Controle de Hemorragias graves uma vez que estas são a principal causa de morte no campo de batalha. O uso de torniquetes é comum para controlar hemorragias nas extremidades (braços e/ou pernas) e compressas hemostáticas em locais onde estes não podem ser usados.

Breeding:
Manutenção das Vias Aéreas superiores abertas e desobstruídas. Isso pode ser feito com manobras simples, como usar os dedos para limpar a boca de detritos ou meios mais complexos como o uso de um tubo nasofaríngeo.

Em resumo, durante o Care Under Fire, o foco está manter o inimigo debaixo de fogo enquanto os socorristas executam procedimentos simples e rápidos que garantam a sobrevivência do ferido até que ele possa ser retirado da área de risco para um tratamento médico mais completo. E foi isto que assitimos neste treino do 2º Batalhão de Paraquedistas do Exército Português, quanto nas manobras de combate era detetado um ferido, os militares imediatamente intensificavam o fogo de modo avassalador, de modo que pudesse ser planeado o resgate do mesmo, fosse pelos proprios meios, fosse pela ajuda dos companheiros de equipa. Esta coordenação parece simples, requer muito treino para não aconteçam mais vítimas nesta situação já delicada.

Este treino está inserido nos 4 pilares base do treino do 2ª BIPara: Shoot, Move, Communicate and Medicate. E são as ferramentas mentais essenciais para que qualquer militar tenha um bom desempenho no campo de batalha.

Pode também ver um vídeo de um excerto desse treino:

O 2º BIPara irá ser a componente Operacional da 17ª Força Nacional Destacada (FND) para a RCA.  Serão empregues como Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force – QRF) da MINUSCA (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic). Esta força ficará aquartelada em Bangui, capital da Republica Centro Afriana (RCA).

 

 

2º Batalhão de Paraquedistas treina Combate em zonas urbanizadas – Aprontamento da 17ª FND RCA

O 2º Batalhão de Paraquedistas encontra-se em aprontamento para a 17ª Força Nacional Destacada (FND) na Republica Centro Africana(RCA). No enquadramento deste aprontamento tivémos o previlégio de poder assistar a alguns exercícios que envolvem aquilo que provelmente será uma das manobras militares mais complexas, o combate em zonas urbanizadas, também conhecido em Inglês como Military Operations on Urban Terrain (MOUT). Este cenário de combate envolveu não só a penetração em estruturas urbanas, onde depois se desenvolveu treino de combate próximo (Close Quarters Battle – CQB), mas também as movimentação para combate, manobras de cerco, apoio de combate e o assalto às posições inimigas.

Este tipo de treino é essencial para os militares em missão na RCA. A grande maioria das operações dão-se em cidades e aldeias, e uma preparação exaustiva evita baixas desnecessárias, inclusive  entre civis que se encontrem na área. O treino MOUT e CQB foca-se em táticas, técnicas e procedimentos para penetrar em zonas urbanizadas e depois combater em ruas, becos, edificios, tuneis e outros cenários urbanos onde o combate é mais próximo, dinâmico e extremamente perigoso.

Estes exercícios envolvem várias fazes:

1- Preparação e Briefing:
Apresentação do cenário urbano a ser usado (simulação de zona, descrição dos edíficios, etc.) e dos meios a ser usados.
Objetivos do exercício (infiltração, resgate de reféns, eliminação de ameaças, retirada de civis, etc.).
Distribuição das equipes e atribuição de funções (batedor, atirador de cobertura, operador de explosivos, etc.).

2- Movimentação Tática:
Técnicas de progressão em ruas e becos (deslocamento individual e em equipe).
Cobertura e movimentação sincronizada para minimizar exposição.
Uso do terreno urbano para proteção (paredes, veículos, escombros, etc).
Comunicação tática via sinais, rádios ou outros meios.
3- Entrada e Limpeza de Edifícios:
Métodos de arrombamento/brecha e penetração (porta, janela, teto, paredes).
Uso de ferramentas para arrombamento/brecha mecânico, balístico ou explosivo.
Formações e movimentação em corredores, escadas e compartimentos, assim como técnicas de entrada em compartimentos com portas abertas ou fechadas.
Identificação das ameaças e neutralização letal das mesmas.
Resgate de reféns ou civis retidos na área.
Inspeção e recolha de informações do local e dos corpos inimigos.
Comunicação dinâmica.

4- Combate em ambientes confinados:
Técnicas de tiro a curta distancia com arma longa e arma de recurso, inclusive em ambientes de pouca luminosidade.
Tecnicas de combate corpo a corpo com transição de arma, inclusive uso de baioneta.
Uso de granadas (ofensivas, gás, flashbangs, etc).
Uso de escudos balísticos.

5- Uso de Equipamentos Específicos:
Uso de óculos de visão noturna e visores térmicos.
Uso de sistemas aéreos não tripulados (UAS/UAV).
Uso de Cães
Uso de explosivos específicos.
Uso de equipamentos de simulção para realismo e avaliação dos militares.

6- Cenários de treino avançados:
Uso de aeronaves e viaturas.
Simulação de conflito de alta intensidade (operações contra forças hostis de igual capacidade).
Operações em ambientes contaminados por armas NBQR (Nuclear, Biológico, Químico e Radiológico).
Resgate de VIP (very important people)
Coordenação com apoio aéreo, artilharia ou veículos blindados.

7- Debriefing
Avaliação de desempenho e revisão de erros.
Análise de imagens e vídeos gravados durante o treino.
Ajustes nas táticas e replaneamento para futuros treinos e eventuais operações.
Registo de lições aprendidas.
Esse tipo de treino exige um grande domínio das tecnicas de combate, uma excelente condição física, mas acima de tudo uma preparação mental extraordinária. O 2º Batalhão de Paraquedistas além de manter os dois primeiros aspetos sempre presentes, insiste afincadamente neste terceiro ponto, o Mindset de combate só se ganha com muito treino e preparação. Estes militares são feitos para combater e se o inimigo ousar atravessar o seu caminho será aniquilidade com poder de fogo avassalador e uma vontade invencível de ganhar.
Só através do treino se pode alcançar esta preparação, garantindo assim que os militares estejam prontos a atuar de forma rápida e eficiente em cenários urbanos complexos ou quaisquer outros onde atuem.

TACP da Força Aérea Portuguesa alcança acreditação NATO

O Tactical Air Control Party (TACP), também conhecidos como controladores aéreos avançados da Força Aérea Portuguesa, atingiu um marco histórico ao alcançar a acreditação do programa nacional denominado Joint Terminal Attack Controller (JTAC).

O processo de acreditação, conduzido ao longo do último ano, foi concluído em 30 de janeiro com uma avaliação presencial realizada pela Close Air Support Capability Section (Secção de Capacidade de Apoio Aéreo Próximo) do Comando Aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Esta certificação reflete o profissionalismo, a resiliência e a elevada competência dos militares envolvidos, garantindo o cumprimento dos mais exigentes padrões de formação, treino e operação.
Com este reconhecimento, a Força Aérea reafirma-se como uma Instituição formadora qualificada e um parceiro credível e interoperável no quadro da Aliança Atlântica.Os militares que integram o TACP são altamente qualificados e, operando em equipas, têm como missão fornecer indicações vitais às aeronaves de combate amigas – sejam aviões ou helicópteros –, a partir de uma posição avançada no terreno, em proximidade com forças inimigas, sendo o elemento de ligação entre o armamento aéreo com o fogo e movimento das unidades terrestres, sendo estas ações aéreas designadas como Apoio Aéreo Próximo (CAS – Close Air Support).

Estas equipas desenvolvem as suas ações à volta do militar com a qualificação de JTAC (Joint Terminal Attack Controller). Este militar executa o guiamento de aeronaves de combate de asa fixa ou rotativa, a partir de uma posição avançada no terreno, em franca proximidade com forças inimigas, integrando o armamento aéreo com o fogo e movimento das unidades terrestres, sendo estas ações aéreas designadas como Apoio Aéreo Próximo (CAS – Close Air Support). Esta designação de JTAC, anteriormente era mais conhecida como FAC (Forward Air Controller), no entanto em algumas Forças Armadas ainda é esta a sua designação oficial. Em Portugal, uma equipa TACP de 2 elementos é constituída por um JTAC e por um Operador de Sistemas, podendo ser sempre reforçada por um Air Liaison Officer (ALO), Oficial de ligação à força apoiada.

Veja alguns vídeos sobre a capacidade do TACP: