GIOE fornece Formação, Mentoria e Assistência a unidades Contra-Terroristas no Sahel

O Sahel é uma faixa de 5 400 km de extensão no centro norte do continente africano que atravessa os seguintes países (de oeste para leste): Gâmbia, Senegal, a parte sul da Mauritânia, o centro do Mali, Burkina Faso, a parte sul da Argélia e do Níger, a parte norte da Nigéria e dos Camarões, a parte central do Chade, o sul do Sudão, o norte do Sudão do Sul e a Eritreia. A existência de vastos territórios onde o controle do Estado é insuficiente ou inexistente, particularmente em áreas rurais ou semidesérticas, e a dificuldade de monitorizar fronteiras favorecem a presença de grupos terroristas e de todo o tipo de organizações criminosas na região. O desenvolvimento da segurança torna-se um elemento-chave no Plano de Acção Regional 2015 – 2020 da Estratégia da União Europeia para a região do Sahel.

Nessa perspectiva, a Guarda Nacional Republicana (GNR) através do Grupo de Intervenção de Operações Especiais (GIOE) participa no projecto Europeu GAR-SI SAHEL (Groupes d’Action Rapides – Surveillance et Intervention au Sahel) com militares empenhados na formação e monitorização de unidades de contra-terrorismo que serão empenhadas nas zonas mais problemáticas. Neste projecto participam mais três Estados-membros da União Europeia: a Guardia Civil (Espanha), a Gendarmerie Nacional (França) e a Guarda dei Carabinieri (Itália).

O projeto teve início em janeiro de 2017, e o GIOE tem como principal objetivo do projeto, a criação de unidades de intervenção, ao nível das Forças de Segurança dos 6 países beneficiários, que disponham de capacidade efetiva para responder a situações de grave alteração da ordem pública, mas também para assegurar a prevenção e combate ao crime, procurando assegurar a afirmação do Estado de Direito na totalidade do território dos referidos Estados do Sahel.  Para tal desiderato, e até ao momento, o projeto logrou a criação de Unidades de Intervenção Rápida (Unidades GARSI) em cada um dos Estados beneficiários, unidades estas que integram um total de mais de 800 militares, altamente formados e treinados, e que têm desempenhado um papel fundamental em domínios como sejam a prevenção e o combate ao terrorismo e à radicalização, aos diversos tipos de tráficos ilícitos, bem como à imigração ilegal. A GNR vinha a assegurar a subcoordenação das unidades regionais deste projeto, em dois países de importância capital: Níger e Burkina-Faso. Recentemente, a GNR passou a assumir por completo a coordenação do projecto a nível do Mali, Niger e Burkina-Faso.​

No apoio dado a estas unidades existem formações periódicas, para as quais se deslocam de Portugal elementos especializados. Em 2020 está prevista uma formação no Mali e no Burquina Faso que conta com a participação de Snipers do GIOE, bem como de uma equipa do Centro de Inativação de Engenhos Explosivos (EOD). Também está prevista a deslocação do comandante do GIOE ao Senegal e ao Burquina Faso em missão de mentoria.

As equipas do GARSI treinadas pelo GIOE têm obtido vastos sucessos no combate ao terrorismo. Ainda recentemente, em 19 de Maio de 2020, uma operação no Burquina Faso,  na província de Kossi junto à fronteira com o Mali, eliminou 47 elementos do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (Group for the Support of Islam and Muslims – GSIM), a principal formação jihadista na região do Sahel, grupo aliado da Al-Qaeda. Os elementos da Gendarmerie Nationale sediados na localidade de Barani tinham como missão desmantelar várias bases terroristas que atuavam na área chamada Boucle du Mouhoun. Nesta intervenção, para além das baixas inimigas, conseguiram destruir 2 bases terroristas, capturar um número muito elevado de motociclos, várias armas e munições (Kalashnikov, Zastava, PKM, RPG) e um elevado volume de combustível.

O GIOE, é uma das forças militares Portuguesas de Operações Especiais, parte integrante da Guarda Nacional Republicana, e que constitui a unidade de resposta, para a gestão e atuação em situações complexas e de emergência e, que requerem o compromisso de homens especialmente treinados e equipados, com técnicas, táticas e meios especiais de intervenção, para realizar ações contra-terroristas e resgates de reféns em Portugal ou onde o Governo Português entenda por necessário.

Em Portugal, a decisão de criar uma unidade de resposta especializada a situações de alta violência, considerando-se como tal os atentados que envolvem raptos, tomada de reféns, pirataria aérea e ações de terrorismo, dentro da Guarda Nacional Republicana, foi tomada em 24 de outubro de 1978 e ganhou o nome de Grupo Especial de Intervenção (GEI). Em 1983, o GEI iniciou a formação no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), do Exército Português. As razões prendiam-se com as necessidades de formação, alicerçadas na forma de atuar no valor anímico, na inteligência, no espírito de sacrifício, na energia e tenacidade, numa vontade forte e constante, na rusticidade e resistência física e na sobriedade e discrição, que só o CIOE em Portugal conseguiria transmitir, pautando-se por elevados padrões de conduta, de camaradagem, de coesão, de espírito de corpo e de sentido de entreajuda. Com esta qualificação em “Operações Especiais” e após a formação com aproveitamento de 3 Cabos e 29 Soldados, o GEI passou em 21 de abril de 1983 a designar-se Pelotão de Operações Especiais (POE).  Em 30 de abril de 2003, o Pelotão de Operações Especiais passa a designar-se Companhia de Operações Especiais (COE). Constituindo-se como Companhia, articula-se por Comando, por seção de comando e Pelotões de Operações Especiais. Em 2007, a Guarda decide dimensionar as Operações Especiais para um novo patamar de resposta aos desafios do futuro. Assim, é criado Grupo de Intervenção de Operações Especiais (Portaria 1450/2008, 16DEC), que aumenta a sua dimensão para duas Companhias de Operações Especiais e uma Secção de Comando.

Em território nacional, o GIOE atua na área de responsabilidade da Guarda, que compreende 96% do território e 56% da população portuguesa, apoiando quando necessários as restantes Unidades da GNR dispersas pelo país, bem como aquelas que estão mais próximas junto dos órgãos de soberania. Ao nível da segurança de pessoas e de locais sensíveis, o GIOE tem apoiado o dispositivo territorial em eventos de massa, como é o caso das cerimónias religiosas de Fátima ou da segurança das instalações da seleção nacional, tanto com elementos em segurança próxima, como com equipas de sniper colocados em pontos dominantes.

O GIOE é uma força com uma importância enorme, tanto no que toca a segurança nacional como Internacional, e a sua capacidade de mobilizar os seus militares para qualquer zona do planeta em cerca de 48h, coloca-a a par de qualquer uma das suas congéneres Mundiais.

 

Comandos treinam CQB na preparação da 8ª FND para a RCA

O aprontamento dos Comandos e respectiva 8ª FND para a Republica Centro Africana está na sua fase final. As missões anteriores, e a que está a decorrer, demonstraram a importância de se conseguir operar nas aldeias e cidades daquele País. Os grupos armados têm se refugiado em várias localidades onde muitas das vezes as operações acabam por resultar em buscas casa a casa, o que aumenta significativamente o perigo para os militares envolvidos.

Embora, infelizmente, ainda não exista em Portugal nenhuma área de fogo real que permita um treino adequado a este tipo de operações, os Comandos têm acesso a várias zonas de treino com áreas edificadas (MOUT-Military Operations in Urban Terrain) onde podem treinar com tiro de salva. Desta feita acompanhámos o seu treino, mais específico no que toca a CQB (Close Quarters Battle), numa área improvisada que esta força usa com regularidade, e no campo de tiro de Alcochete.

Este treino incidiu principalmente na tomada de posições em vias de circulação (pedestres e automóveis), de modo a permitir que os militares pudessem penetrar nos edifícios e assim revista-los e eliminar qualquer ameaça que se lhes apresentasse à frente. Os Comandos deram especial ênfase a penetração dentro dos edifícios, assim como aos perigos que poderão advir dessa manobra complexa. O posicionamento dos militares, a sua movimentação muito compacta, o “inundamento” de cada compartimento com os militares nas posições certas de modo a evitar o fogo fraticida, e a execução de disparos certeiros de modo a atingir apenas o pretendido sem risco de danos colaterais, é extremamente importante no que toca a este tipo de treino.

Também no que toca a providenciar apoio a estas manobras, numa perspectiva global da operação, o treino pode ser complexo. Enquanto os militares se deslocam nestas áreas, os perigos não estão só dentro dos edifícios, os telhados, a ameaça IED, posições improvisadas de sniper, check points reforçados com PKM ou RPG, entre outras. Assim sendo, os Comandos aproveitaram para treinar a incorporação de viaturas, quando possível, na manobra de apoio e protecção. Também os atiradores especiais, granadeiros e os apontadores de Metralhadoras Ligeiras e Médias têm um papel muito importante na cobertura das movimentações do militares que fazem a limpeza casa a casa.

Os Exercicios de CQB culminaram num grande Exercicio que envolveu toda a companhia de manobra, TACP da Força Aérea Portuguesa,  assim como os restantes elementos da 8ª FND, incluindo Viaturas Pandur e VAMTAC. Em breve lhe apresentaremos mais imagens desse Exercício.

SCAr H Trijicom VCOG

Comandos – Curso de Atirador Especial

O Regimento de Comandos ministrou, integrado no programa de aprontamento da 8.ª Força Nacional Destacada (FND) Conjunta da MINUSCA, o 3.º Curso de Atirador Especial.

Os atiradores especiais (designação dada nas Forças Armadas Portuguesas), também conhecidos noutros Países como atiradores designados (Designated Marksman) usam a mesma arma orgânica que o resto dos militares da equipa, no entanto estão equipados com alças telescópicas que lhes permitem bater alvos a maiores distâncias, em proveito das ações de fogo e movimento das equipas e dos grupos de combate de Comandos.

SCAr H Trijicom VCOG

A nova Espingarda de atirador especial do Exército Português, a FN SCAR-H em 7,62x51mm

Este curso, foi o primeiro a ser ministrado com a nova tipologia de armamento do Exército Português. Os militares estavam armados com a espingarda de atirador especial, FN SCAR H, arma esta em 7,62x51mm, equipada com alça Trijicon VCOG, e usavam como arma secundária as, também novas, Pistola Glock 17 Gen 5. O atirador especial usa esta mira pois com aumentos variáveis, pode ir de um aumento para tiro a curta distancia até seis aumentos para distâncias maiores. A mira tem um retículo com linhas de estádia, o que permite facilmente ao atirador ver a que distância se encontra do alvo e colocar a linha da distância correspondente sem ter que efetuar mais cálculos nem tocar nos ajustes da mira. Esta é igualmente equipada com o retículo  iluminado para ser possível acoplar sistemas de visão noturna e fazer tiro durante a noite.

Este curso destina-se a capacitar os militares que o frequentam com competências técnicas na execução de tiro de precisão até aos 600 metros em apoio das suas Subunidades. E tem a duração de 15 dias úteis de formação incluindo os módulos de reforço de conhecimentos teóricos tais como: princípios fundamentais do tiro, avaliação de distâncias, balísticas, influencias das variáveis atmosféricas no tiro. A esta fase segue-se outra essencialmente prática que, em carreira de tiro, visa o domínio da técnica de tiro. Os formandos executaram também tabelas de tiro reativo de espingarda e de pistola. Assim como exercícios de tiro com condicionamento físico integrado na sessão.

A nossa revista encontra-se a acompanhar o aprontamento dos Comandos e respectiva 8ª FND para a Republica Centro Africana e em breve teremos mais imagens para os nossos leitores.

DSEI 19 – DEFENCE & SECURITY EQUIPMENT INTERNATIONAL

 

Esta reportagem contou com o Patrocínio de:

A DSEI – DEFENCE & SECURITY EQUIPMENT INTERNATIONAL, é um das maiores Exposições Internacionais de Defesa que se realiza na Europa. Ocorre bi-anualmente e é um evento mundial que conecta governos, forças armadas internacionais, líderes de opinião da indústria e a cadeia global de fornecedores e distribuídos de produtos de defesa e segurança, numa escala incomparável.

Com uma variedade de oportunidades valiosas para networking, uma plataforma para negócios, acesso a conteúdo relevante e demonstrações de equipamentos ao vivo, a comunidade de visitantes e expositores da DSEI pode compartilhar conhecimento, descobrir, inovar e experimentar os recursos mais recentes nos sectores aeroespacial, terrestre, naval, segurança e outros domínios. A ultima exposição realizou-se em Londres, contou com a participação de 50 Países, cerca de 1 700 Expositores, mais de 36 000 participantes, distribuídos por 44 Pavilhões e impressionantes palestras  apresentadas por mais de 300 especialistas de renome internacional.

A nível de expositores, participaram quase todos os gigantes da Defesa Mundial, com a exposição de fabricantes de armas ligeiras até às grandes viaturas militares. No que diz respeito a Portugal, estiveram presentes militares dos vários ramos das Forças Armadas com vista aos estudos correntes para aquisição de equipamentos aprovados pela presente lei de programação militar. Conseguimos assim observar em primeira mão alguns dos mais recentes equipamentos que poderão ser uma opção para os militares Portugueses.

Dentro do sector terrestre destacamos as armas ligeiras da FN HERSTAL, como a FN SCAR H PR e a SCAR SC, que poderão complementar a família de armas ligeiras já adquiridas pelo Exército. Podemos também observar algumas armas de apoio, como as MINIGUN 7,62x51mm da empresa PROFENSE, que é neste momento o fabricante mais promissor nesta área. Os sistemas RWS (Remote Weapons Station) da Kongsberg apresentaram-se a equipar as mais variadas plataformas, inclusive em Unmanned Ground Vehicle (UGV), em configurações que usam armas em 30x113mm, 40x53mm, .50Cal., 7,62x51mm e até 5,56x45mm, e com capacidades que vão desde Anti-Carro com ATGM (Anti Tank Guided Missile) até às funções Counter UAS (Unmanned Aerial System). Podemos também observar as várias versões das Caçadeiras Benelli que estão a concorrer ao concurso da NSPA (NATO Support and Procurement Agency) para equipar o Exército Português.

No que toca a viaturas damos especial relevância às muito badaladas Oshkosh JLTV (em exposição as versões Porta Morteiros e SHORAD – Short Range Air Defense). Estas estão a ser produzidos em massa para equipar vários Países da NATO (USA, Inglaterra, Lituânia, Monte-Negro, etc) e têm uma capacidade e protecção impressionante, assim como uma polivalência e capacidade de transportar poder de fogo muito considerável para qualquer campo de batalha. Também será de especial importância para a frota Portuguesa os mais recentes Upgrades da AM General ao Humvee/HMMWV  (com artilharia 105mm soft recoil, capacidade para transporte de nove militares, recondicionamento/refurbishment de viaturas antigas e inúmeras outras configurações já com provas dadas nas maiores batalhas deste século) uma vez que estes são uma plataforma muito mais leve do que as recentes vamtac, possuem uma mecânica super fiável e podem chegar a sítios onde estas não conseguirão, assim como têm uma capacidade Parachutável de C130 ou C390 onde as vamtac acopladas às paletes usadas para esse emprego , não cabem no avião.

A DSEI costuma ter uma exposição Naval considerável, e este edição não foi excepção. Desde grandes Navios até às pequenas lanchas semi-rígidas, poderia se encontrar todo o tipo de equipamentos. Algumas Fragatas Inglesas e Belga estiveram presentes onde podemos destacar os equipamentos de protecção de força contra ameaças assimétricas como metralhadoras multicanos GAU-19/B (produzidas pela General Dynamics) em .50Cal BMG, em versões usadas por um apontador ou numa RWS SEA PROTECTOR da Kongsberg. Também no mesmo sector a nova RWS da FN HERSTAL em .50Cal BMG, a DEFNDER estava em demonstração na Fragata Belga. No campo dos UAV embarcados, o Camcopter S-100 da Schiebel fez furor por todos os presentes. As suas capacidades são impressionantes ao ponto de várias Marinhas da NATO e Aliados já o terem adoptado (Estados Unidos, Itália, França, Suécia, Austrália, etc.).

No que toca aos equipamentos aéreos, damos destaque aos Helicópteros UH-60 Blackhawk armados, em que os Lança Rockets da Arnold Defense são equipamento standard. Estes existem em várias versões que equipam também Aviões (como os F16 e F18) e Helicópteros de Ataque (como o Apache e Cobra), assim como viaturas terrestres. Uma grande evolução no que toca a lança rockets é agora poderem disparar Rockets Guiados, como o APKWS da BAE Systems, que passa a ser um pequeno míssil guiado, com menores danos colaterais e menor custo de aquisição, mas com a mesma precisão.

Relativamente a sistemas anti-drone não cinéticos (que não usam qualquer tipo de projéctil), também podemos observar alguns produtos interessantes como o IXI Drone Killer, que é basicamente uma espingarda electrónica que os militares transportam consigo e que neutraliza qualquer drone que apareça na área. Como sistema mais complexo de defesa integrada estática ou móvel (em veículos) gostaríamos de salientar o AUDS, que já está em uso em vários teatros de operações. Este pode detectar drones até quase 4Km e depois empenhar-se com os mesmos electronicamente, e inclusive coordenar com uma RWS estática ou de uma viatura, para se empenhar com o disparo de granadas de 40x53mm (versão Air Burst) ou metralhadora Minigun de 7,62x51mm da PROFENSE.

Uma das grandes vantagens desta feira se realizar em Inglaterra é que tanto as empresas Norte Americanas, como Europeias e até de aliados no Médio Oriente, estão presentes, permitindo assim, a quem interessado, conhecer muitos dos equipamentos que vão desde as gamas mais altas, até versões mais económicas mas que satisfazem Países aliados. A próxima será já em 2021 e esperemos que seja ainda um maior sucesso.