Portugal, uma vez mais demonstrou com uma série de eventos militares, de grande envergadura, planeados e executados em solo nacional – TRIDENT JUNCTURE 15, ORÍON 15, 16 e 17 – que reúne condições ímpares para potenciar plataformas de treino operacional para forças da Tratado Atlântico Norte (NATO) e ou, da UNIÃO EUROPEIA, no âmbito dos assuntos de Defesa e Segurança. De acordo com o número total de participantes, cerca de 2000 militares, onde se integraram cerca de 350 militares estrangeiros; 2 observadores do Brasil, com a utilização de 5 aeronaves – quatro C-130 e um MV-22 -, os exercícios da série Oríon, têm posicionado Portugal como um HUB da NATO e, da UNIÃO EUROPEIA, para a execução de treino operacional. A abrangência deste posicionamento pode envolver forças estacionadas no Sul da Europa, ou forças em projeção ou retração da NATO, com a finalidade de alavancar e aperfeiçoar o desenvolvimento da interoperabilidade entre países da NATO e UNIÃO EUROPEIA.
Com a presença de Norte Americanos destacados em Itália (173rd Airborne Brigade) e Espanha (Marine Air to Ground Task Force – MAGTF), a Brigada Paraquedista Espanhola (Brigada “Almogávares” VI de Paracaidistas – BRIPAC) e as próprias forças do Exército Português – envolvendo forças da Brigada de Intervenção, Brigada Mecanizada, a Brigada de Reação Rápida (BRR) Portuguesa, com vista à sua certificação, integrou e comandou as operações num ambiente operacional incerto, volátil e complexo, onde o clima se revelou muito quente, com temperaturas superiores a 40º C, e um terreno deveras exigente para a execução de operações, com campos de tiro extensos, e com arborização escassa.
O Oríon 17, utilizou em temos militares um cenário da NATO, especificamente desenvolvido para uma operação militar de natureza conjunta e combinada (vários ramos e países, respetivamente), onde se concretiza a invasão de um estado-membro da NATO por um País não NATO; perante esta situação, o artigo 5º da NATO é invocado, ao que a Organização das Nações Unidas se associa emitindo uma resolução em que autoriza o emprego de meios militares, corroborando a intervenção militar da NATO.
A operação PARDIGM SHIFT, iniciou-se com inserções táticas aéreas de Forças de Operações Especiais Portuguesas e Norte Americanas, apoiadas em aeronaves MV-22 Osprey, viabilizando a execução de missões táticas de reconhecimento de longo raio de ação (Long-range Reconnaissance Patrol – LRRP), e de ação direta para eliminação de ameaças antiaéreas que poderiam comprometer a continuidade das operações Aerotransportadas.
Numa Operação clássica de emprego de Tropas Aerotransportadas para conquista de uma cabeça de ponte, essencial às operações que se seguiriam, o High Visibility Event (HVE) do Oríon 17 destacou uma prévia inserção de elementos da Companhia de Precursores Aeroterrestres Portugueses que marcaram as zonas de largada (Drop Zone); uma ação direta de Forças de Operações Especiais, e a execução de um lançamento de 400 paraquedistas nos céus de Beja, em sucessivas vagas, utilizando para o efeito, 4 aeronaves C130 de nacionalidade Portuguesa, Norte-Americana e Espanhola.
As operações seguiram de acordo com o planeado. Foi possível constatar o ímpeto da manobra, considerando como observação chave, o rápido e ágil reagrupar de forças de modo a seguir até aos seus objetivos, após ações de “combate” simuladas com forças opositoras colocadas no terreno. Após a materialização da conquista da cabeça de ponte aérea, continuaram outras operações de elevada intensidade, em ambiente não permissivo, com a finalidade de assegurar a manutenção da cabeça de ponte, e em simultâneo, de garantir condições para que se executassem ações de ajuda humanitária.
A interoperabilidade entre as três nacionalidades foi notável. Enfatiza-se o período prévio de treino cruzado ocorrido nas áreas de São Jacinto, Mafra e Tancos/Santa Margarida, que sustentou e desenvolveu o emprego tático multinacional das forças na execução de inúmeras operações em Beja. O Oríon 17, evidencia o empenhamento do Exército no esforço subsidiário dos assuntos de Defesa e Segurança de Portugal e dos Portugueses, no seio das Organizações Internacionais, de que fazemos parte. Portugal, e o Exército em particular, em sinergia com a Força Aérea e Marinha, como membro da NATO, evidenciou um produto operacional Coerente e Credível. No âmbito dos assuntos de Defesa e Segurança, reitera-se a ideia, com um natural sentido pedagógico, que a multinacionalidade e a interoperabilidade para a NATO, e UNIÃO EUROPEIA, são pilares estruturantes para continuar a afirmar que o todo é superior à soma das partes: Juntos somos, muito, mais fortes.